UM CRUZEIRO MARÍTIMO NO TRANSATLÂNTICO “SPLENDOUR OF THE SEAS”. com Flávio Calazans

Viajar num transatlântico é uma emoção única e inesquecível, um exagero de luxo e prazeres inigualável e quase indescritível.

Santos sempre teve um porto intenacional grande como uma cidade, o maior da América Latina, e um dos maiores do mundo; e na Ponta da Praia sempre que chega um Transatlântico este é recepcionado com admiração e reverência pelos transeuntes da avenida da praia, que silenciam e admiram o gigante entrando lentamente no porto, dando tempo para cada um acenar de volta aos passageiros que agitam seus lenços conforme a tradição secular, e o desfile lento dá tempo e provoca a sonhar com as histórias de bordo, as pessoas interessantes e o contato com outras culturas, o refinamento e sofisticação daqueles que amam artes e literatura, que tem tempo para cultivar o espírito e sutilmente afinar a sensibilidade de fruir e usufruir os prazeres da boa vida.

Pensar nestes navos de cruzeiro gigantescos sempre evoca filmes de hollywod como “Titanic”, os enormes hotéis de alto luxo flutuantes; Os “paquetes”, como desde Portugal são chamados os navios de passageiros destinados a cruzeiros de férias; Santos sempre foi considerada a “Capital Brasileira dos Cruzeiros Marítimos” e mantém este título com base no ranking oficial da Embratur de 2000/2001.

Não pude resistir a fazer um cruzeiro de férias naquele que foi eleito como o melhor navio de cruzeiros do mundo, segundo pesquisa da revista “Viagem & Turismo” de 2001, com 33 mil eleitores, da armadora “Royal Caribbean International “ o máximo do máximo, “The Splendour of the Seas”, construído na França em 1996, com bandeira norueguesa, é chamado carinhosamente de “Palácio de Vidro Flutuante” e é considerado o mais belo navio já construído pelo Design avançado e luxo planejado nos mínimos detalhes.

O “Esplendor dos Mares” é um exagero, com toda a opulência e ostentação de um palácio flutuante; este charmoso e elegante “Leviathan” passeia, indolente, deslizando lentamente sobre as ondas, poderoso e tranqüilo como uma baleia, carregando no ventre os relaxados “Jonas” ou “Gepettos” voluntários, os 2 mil passageiros em 902 cabines (40% com varandas, com 13 a 94 metros quadrados), 723 tripulantes, 8 mil metros construídos, 264 metros de comprimentos (mais longo que três campos de futebol), 2 piscinas, uma com teto de vidro retrátil (que abre-se ao sol de alto mar), 4 jacuzzis de hidromassagem, sete bares temáticos diferentes, pista de jogging com 400 metros de corrida, mini campo de golfe, e todo tipo de esporte e divertimento possível para crianças até idosos, um Cassino, restaurantes (The King e outro com dois andares, servindo cinco refeições diárias, mais de 10 mil refeições-dia da melhor cozinha internacional, também incluindo feijoada, vatapá, tutu de feijão e outros pratos brasileiros), um lobby com sete andares, uma discoteca panorâmica 12 andares acima do nível do mar, boate, além de um Teatro plenamente equipado com capacidade para 800 pessoas, biblioteca, shopping center e átrio com lojas de grife, jóias e souvenirs, bussines center com acesso gratuito à Internet, programa de monitoramento infantil (Adventure Ocean, e os pais recebem um Pager para ficarem mais à vontade com os filhos tendo moderníssimas aulas de ciências como entretenimento, karaokê, festas temáticas e torneios esportivos, apreciação de arte internacional, etc), SPA completo, Fitness center (academia de ginástica equipada) e atendimento médico de nível internacional, um hotel de luxo, uma verdadeia cidade flutuante.

Garçons, Arrumadeiras, Disk-Jóqueis e um grande número de profissionais da tripulação são brasileiros e atendem em português, e no staff de atendimento há muitos hispânicos que compreendem bem o português, além de outras 56 nacionalidades nos tripulantes do verdadeiro transatlântico internacional.

Ao entrar no Porto, o “Esplendoroso Gigante” é saudado com fogos de artifício coloridos e pelo navio do corpo de bombeiros com jatos de água dançando pelo céu iluminados por holofotes coloridos, um prazer único que faz sentir as boas-vindas como um evento especial, tanto da partida bem como da volta à Santos.

No Terminal de Passageiros do Porto de Santos, a Casa do café em um só dia contabilizou o consumo de 40 kilos de Pão de Queijo, Mil salgadinhos, mais de 2 mil copos de água mineral, esgotando estoques de sorvetes e café com curiosos turistas europeus e norte-americanos, que injetam mais de 11 milhões de dólares na região da Baixada Santista.

O café da manhã servido no quarto não é cobrado, mais um luxo e mimo oferecido para quem gosta de acordar tarde e não quer sair do quarto antes do meio dia, por abusar dos irresistíveis programas da madrugada.

GIRAUD, Laire José. Transatlânticos em Santos, 1901/2001. Gráfica Guarani, Santos, 2001.

Um livro delicioso com cartazes, anúncios de revistas, fotografias e até cardápios destes gigantes luxuosos do Século XX e XXI, com destaque na página 135 para a “Splendour of the Seas”.

texto retirado do livro CALAZANS "Ecologia e Biomidiologia" Plèiade Editorial 2002

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