O MARKETING DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS : UM MODELO MERCADOLÓGICO COMO SEGMENTAÇÃO DE MERCADO DO PRODUTO DE EXPORTAÇÃO DA HQ AUTORAL BRASILEIRA. por Flavio Calazans



Resumo: O mercado de histórias em quadrinhos pode ser organizado em segmentos de produtos com evidentes motivações na decisão de compra do consumidor como uma trilogia baseada em Psicologias de Maslow e Freud combinados à Semiótica de Peirce; enfatizando-se o segmento do produto autoral que atende às necessidades de self e comprovadamente pode ser exportado.

Palavra-Chave: Histórias em Quadrinhos, Marketing, Obra Autoral, Indústria Cultural.

ABSTRACT: The Comics market may be ordained in product segments with an evident motivation in buyers decision how a trilogy based in Maslow's motivational Psychology, and Freud's Psychology combined to Peirce Semiotics; this research takes an emphasis in the authorial comics segment that attends to the self needs and comprobated may be exported.

Key-Word: Comics, Comix, Marketing, Authorial Comics , Cultural Industries.

RÉSUMÉ: Le marché des Comiques peut être décrété dans les segments du produit avec une motivation évidente dans décision des acheteurs comme une trilogie a basé dans la Psychologie motivationnelle de Maslow, et la Psychologie de Freud a combiné aux Sémiotiques de Peirce; cette recherche amène une accentuation dans le segment des bande dessinées de l'authorial de qui s'occupe le soi-même que les besoins et comprobated peuvent être exportés.

Mot-clef: Bande Dessinées, Comix, Marketing, Bande Dessinées Authorial, Industries Culturelles,.

RESUMEM: El mercado de las Historietas puede ordenarse en los segmentos del producto con una motivación evidente en la decisión de los compradores cómo una trilogía basó en la Psicología motivadora de Maslow, y la Psicología de Freud combinó a Peirce Semiotics; esta investigación toma un énfasis en el segmento de historietas de authorial que asiste a las mismas necesidades y comprobated puede exportarse.

La palabra clave: Las historietas, TBO, Comix, el Mercadeo, las Historietas de Authorial, las Industrias Culturales,.

1-Introdução:

Objetiva-se traçar paralelos entre os tipos de Histórias em Quadrinhos vendidos no mercado brasileiro e propor um estudo deste mercado consumidor segmentado segundo a Psicologia Motivacional no intuito de identificar motivos de compra possíveis.

Esta pesquisa exploratória empregará a metodologia oriunda da Antropologia, Observação Participante, na qual o autor envolve-se e vivencia o objeto na qualidade de autor: desenhista e roteirista, somada à experiência como Diretor Executivo eleito em 1986 na ASSOCIAÇÂO DOS QUADRINHISTAS E CARICATURISTAS AQC SP , e experiência acadêmica de fundador e coordenador do Grupo de Trabalho dos pesquisadores de HQ do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação -INTERCOM, atuando de 1995 a 2000.

Justifica-se tal estudo devido a serem os quadrinhos uma forma de expressão na qual fundem-se as manifestações plásticas da arte e literárias do roteiro e dramaturgia, incluindo-se os recursos de linguagem cinematográfica, caracterizando-se como produção cultural da nação brasileira e, como tal, parte integrante do universo lusofônico da cultura portuguesa inserido no mercado consumidor brasileiro.

Deste quadro poderá advir uma melhor compreensão das características da manifestação cultural HQ por meio dos produtos autorais ou comerciais oferecidos ao mercado consumidor dos leitores, cujo nível de exigência e qualidade pode vir a ser inferido deste panorama do mercado.

2- O Mercado de Histórias em Quadrinhos enquanto produtos-bens culturais.

Os quadrinhos apresentam-se como uma manifestação cultural de um povo, equiparáveis às festas folclóricas populares, à dramaturgia, cinema, literatura e artes plásticas, e em assim o sendo, podem e devem ser considerados como bens culturais, parte do patrimônio artístico de uma nação, além de meros produtos descartáveis de consumo mercadológico da Indústria Cultural .

Em sendo uma produção de signos convencionais (Símbolos-Terceiridade, segundo a Semiótica) cujas características exigem determinada especificidade seu estudo clama por abordagens interdisciplinares, pois, tal qual o cinema, a HQ apresenta-se como arte e indústria, meio de comunicação que é objeto de teorias como a Semiótica ou Midiologia bem como também da Antropologia Cultural, ou até mesmo enquanto mero produto mercadológico editorial.

Do mesmo modo que na indústria cinematográfica, na HQ também pode-se perceber um estilo de autor cuja personalidade imprima à obra sua visão de mundo, mensagem pessoal e sutilezas estéticas, fenômeno em contraponto com a vasta produção comercial anônima que visa o lucro rápido e contribui para a alienação das massas consumidoras.

Graças a esta peculiaridade pode-se encontrar no cinema de Hollywood diretores oriundos do desenho animado que imprimem um estilo pessoal nas obras, como Terry Gillian e Tim Burton; o mesmo percebe-se na indústria dos Comics com um Frank Miller e Alan Moore, que foram precedidos pelos Comix de contracultura de Robert Crumb e sua liberdade de expressão (enfrentando o famigerado Comics Code, o código de ética macartista inspirado na obra de Fredric Wertham A sedução do inocente que acusava a HQ de incentivar a criminalidade e delinqüência juvenil.).

Uma condição histórica diversa faz surgir na Europa a HQ de autor ou de arte, dirigida a um consumidor mais exigente e de maior nível cultural, tal qual o álbum Saga de Xam ou a obra de autores como Druillet, Caza, Moebius, Crepax, Manara, Bourgeon e outros.

Entretanto, no Brasil, as primeiras narrativas desenhadas em seqüência com diálogos são publicadas em periódicos (revista) com cunho eminentemente político e dirigidas a um leitor adulto, sendo que um dos mais antigos registros históricos é a data de 30 de Janeiro, considerada como o Dia do Quadrinho Nacional, quando é entregue o troféu Ângelo Agostini aos melhores autores e revistas; isto porque, em 1869, nas páginas da revista Vida Fluminense, na cidade do Rio de Janeiro, Ângelo Agostini começa a publicar seu personagem fixo em quadrinhos de uma página, o Zé Caipora, um fazendeiro simples que visita a corte do Imperador , seguido por uma galeria como o Nhô Quim e outros.

Marcados pela charge política surgem autores cuja obra prima pela crítica de costumes e o regionalismo ou mesmo um acentuado bairrismo; sendo um registro histórico, foram verdadeiros cronistas de sua época autores como J. Carlos no Rio e suas “Melindrosas”, ou Belmonte em São Paulo criticando Hitler, até Henfil denunciando a ditadura militar com seus quadrinhos já clássicos, os Fradins, estes bem menos datados e alcançando uma dimensão mais atemporal. Esta predominância do aspecto adulto e politizado não cerceou o surgimento de obras infantis como o trio Reco-reco, Bolão e Azeitona do autor Luiz Sá na revista infantil O Tico-Tico, por volta do ano 1905-1907.

Nos anos 50 do pós-guerra o macartismo e o "Comics Code" proíbem a produção de Hq de terror nos USA, o que leva editoras brasileiras como La Selva a iniciar uma maciça produção local em São Paulo para atender a demanda de um mercado consumidor crescente, surgindo autores de terror como Nico Rosso, Júlio Shimamoto, Flávio Colin e outros.

Nos anos 70, com a censura, Cláudio Seto, Fernando Ikoma e outros nipo-brasileiros iniciam, na editora Edrel, São Paulo, a produzir um mangá erótico brasileiro, fechado pela censura, tal grupo só ressurge nos anos 80 em Curitiba-Paraná, na editora Grafipar.

Desde a origem, a produção brasileira é marcadamente autoral e pessoal, somente durante a Ditadura Militar é quando começa a esboçar-se uma indústria da HQ, e a partir do surgimento da produção em linha de montagem pode-se perceber o surgimento de padrões, os quais podem ser agrupados em nítidas categorias de segmentação de mercado segundo o Comportamento do Consumidor e a Psicologia Motivacional.

A Teoria Hegemônica da Comunicação parte do princípio de que existiria uma dominação cultural dos meios de comunicação, ou seja, os filmes e quadrinhos americanos dominam o mercado brasileiro, no qual são vendidos a preços abaixo da concorrência - sufocando, assim, a produção nacional, sob o eufemismo de "Globalização".

Estas HQ's são produzidas comercialmente, em série, e objetivam alcançar segmentos do mercado que têm necessidades específicas. Segundo a Psicologia Motivacional de Maslow, há três agrupamentos de motivos de compra:

1- FISIOLÓGICOS (Provenientes do cérebro reptiliano segundo McLean, Id para Freud, instintos básicos de sexo e violência);

2- SOCIAIS OU DE INTERAÇÃO (Complexo Límbico, cérebro mamífero,Superego familiar e autoritário, Ética, instinto de associação e rebanho);

3- DE SELF (Neocórtex, cérebro humano, EGO, necessidade de auto-realização).

Ora, observemos alguns gêneros de HQ presentes à venda no mercado brasileiro:

1) Os Quadrinhos de super-heróis satisfazem a necessidade do adolescente de ação, violência, auto-afirmação. Personagens como Batman e as garras de Wolverine ou o gancho de Lobo são exemplos evidentes de HQ produzida para satisfazer estas necessidades de aventura, ação e violência gratuita.

Lógico que este gênero vem perdendo espaço no mercado, pois vem sendo gradualmente substituído pelos videogames de ação, através dos quais o adolescente participa ativamente, já que muitos deles são altamente interativos nos gritos impressionantes e no sangue jorrando, ocasionando assim queda nas vendas de HQ e gerando estratégias mirabolantes de Marketing por parte das Editoras.

Tal tipologia atende ao primeiro nível da Pirâmide da Psicologia Motivacional de Maslow, a agressividade, violência, e instintos sexuais nas mulheres sensuais de trajes colantes e nos homens musculosos vestindo malhas coloridas dignas de uma passeata de "orgulho gay" (nesta categoria inserem-se também os Quadrinhos Pornográficos de cujo masturbatório para os mesmos consumidores adolescentes masculinos, maiores detalhes especificando este segmento de mercado em: Calazans."As Histórias em Quadrinhos do Gênero Erótico". In: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação. São Paulo, INTERCOM, v. XXI, nº 1, jan/jun 1998. p. 53-62.).

2) As "Family Strips", o humor banal e cotidiano, como Os Simpsons etc , nas quais pais e filhos enfrentam a rotina doméstica, massificados pela TV e pelas revistas, representam motivos Sociais ou de Interação, satisfazendo as necessidades mamíferas de pertencer a um grupo/rebanho segundo a Psicologia Motivacional de Maslow.

Foi no decorrer da ditadura militar, ao término dos anos 60,que começaram a surgir as tiras de jornal do gênero infantil de Maurício de Souza em São Paulo, que ateve-se à oportunidade de produzir desenhos animados com seus personagens para publicidade de molho de tomates enlatado CICA, e estes comerciais de televisão trouxeram notoriedade e sucesso às revistas da Turma da Mônica que superam até mesmo a linha Disney em vendas, um fenômeno presente até os anos 90-2000 no mercado brasileiro.

A indústria de “Comic Strips” cuja denominação comercial é “Maurício de Souza Produções” propicia emprego a diversas equipes de desenhistas e roteiristas anônimos que seguem um padrão de desenho e roteiro em linha de montagem sob a marca registrada “Maurício de Souza”, a exemplo da linha Disney. Estas tiras e revistas em “formatinho” primam pela ausência de símbolos, cenários ou temáticas brasileiras, os personagens são tipos planos, não chegam sequer a meros estereótipos, e os temas simplórios dos roteiros garantem ampla margem de leitores de todas as idades que lêem as revistas em ônibus, trens de suburbio e praças a título de passatempo e entretenimento, e seus risos demonstram o acerto da equipe Maurício que conhece muito bem o nível intelectual e emocional dos seus limitados intelectualmente consumidores-leitores.

O lucro em merchandising de brinquedos, jogos, produtos de higiene infantil e todo tipo de publicidade mantém os lucros e ajuda a exportação das tiras para diversos países.

(Justiça seja feita, Maurício contribui para a HQ de arte com um trabalho bem autoral, o tiranossauro vegetariano Horácio, desenhado apenas por Maurício, nunca pela equipe, exportado para o Japão no formato de páginas coloridas, reflete as preocupações ecológicas e existencialistas do autor, inspirado em um dos professores de História que muito o influenciou na infância.

Sintomaticamente, Maurício não costuma alugar a imagem de Horácio para fins publicitários. Horácio vem sendo objeto de pesquisas universitárias e dissertações de mestrado, com uma qualidade incontestável e títulos cujas letras e cores insinuam subliminarmente o argumento do episódio, discurso Existencialista entre frases de Sartre e Camus, e não é surpresa que seja um dos menos populares personagens da galeria de Maurício; trata-se de uma obra que está muito acima do repertório e temáticas do seu leitor; o louvável é a insistência dele em inserir seu Horácio nas revistas e jornais, passando por ele sua mensagem pessoal de sensibilidade ecológica e triste solidão existencial.).

Neste patamar de consumidores encontram-se também os produtos desenvolvidos em "strip comics" , tira bairrista como a Escola Paulistana de Humor (Angeli, Laerte, Luiz GE etc).

3) Os Quadrinhos de Autor, tais quais o cinema de autor, refletem o estilo, as crenças de seu autor - cujo nome torna-se marca registrada de sua proposta, a assinatura tem valor de mercadoria. Desta forma, tais trabalhos são resultado de necessidades de auto-realização, motivos de self conforme a Psicologia Motivacional de Maslow. Exemplo disto são os Quadrinhos de Allan Moore, Druillet, Moebius, Caza, Bourgeon, Bisley, Jim Starlim e tantos outros que ocasionalmente são publicados em álbuns e edições especiais nos USA e Brasil.

Neste terceiro nível é a assinatura do autor o que mais importa ao leitor, mais até do que o personagem (que antes eram feitos por equipes anônimas), a assinatura é a grife, a marca que vende.

O público entra em contato com os pontos de vista do artista e as necessidades que o impulsionaram a criar e, ao freqüentar, acompanhar a continuidade da obra e sentir seu andamento e evolução, identifica-se com ele. Desta maneira, as pessoas tornam-se fãs, constituindo um público extremamente cativo, equivale no cinema a um filme de Kurosawa, Felini, Tim Burton, Terry Gilian, etc...

E a HQ, se na maioria mero meio de comunicação de massa, neste terceiro nível assume o estatuto de obra de arte. A chamada NONA ARTE.

Nesta tabela, proponho os quesitos para a identificação da HQ autoral ou de Arte.



Estes dez ítens não são fixos. Pode-se encontrar um quadrinhista que tenha todas as características de arte publicando em revista de banca ou diagramando tiras em jornais.

O que identificará, caracterizará o Quadrinho de Autor é o estilo, o toque pessoal do autor refletido nos temas, na psicologia dos personagens e na estrutura narrativa, refletindo o universo do autor de maneira pessoal e subjetiva, uma poética autoral.

O Quadrinho adulto é inteligente, complexo e sofisticado, exige um público maduro e um quadrinhista competente, que saiba escrever bons roteiros, com argumentos que sobreponham vários núcleos narrativos (romance, novela), arquitetados e articulados em uma estrutura rica e desafiadora com desenho expressivo (meio mangá, meio caricatural) e diagramação planejada como movimentos de câmera (enquadramentos) cinematográficos.

Um fator por si só comprovatório das características autorais da HQ brasileira é o reconhecimento internacional de diversos autores, e uma brevíssima amostragem aleatória demonstra esta história recente :

•Jô de Oliveira, adapta a linguagem gráfica das xilogravuras que ilustram os livretos populares de literatura de cordel nordestinos, e em 1973 publica na revista Linus (Itália) sagas de cangaceiros e do folclore que envolve o já mítico Lampião, angariando diversos prêmios e sendo publicado em álbum no Brasil.

•Sérgio Macedo, nascido no estado de Minas Gerais, migra para a cidade de São Caetano (Grande São Paulo) em 1970. Já em 1972 publica pela revista Grilo seu álbum Karma de Gaargot para em 1974 emigrar para a França, onde publica em revistas como Métal Hurlant e Linus, depois na americana Heavy Metal, raras vezes publicado no Brasil, desenvolve uma visão pessoal do misticismo índio que mescla com ficção científica em um estilo personalizado a cores vivas em aerógrafo.

•Cynthia e Ofeliano, do Rio de Janeiro, publicam a série de aventura Leão Negro em tiras no Jornal do Brasil e em 1990 em álbum colorido pela editora Meribérica de Portugal, para em 1996 saírem na coletânea Brasilian Heavy Metal. Misturam harmoniosamente elementos de traço europeu com recursos do Mangá japonês e dos Role Playing Games.

•Em 1990 a agência belga Commu recruta desenhistas de diversos estados para publicar álbuns na Europa, versando sobre os bandeirantes paulistas que cruzam a linha do tratado de Tordesilhas, lendas indígenas, aventuras sexuais no Carnaval, fantasias futuristas sobre o Rio de Janeiro e a floresta amazônica, etc..Autores consagrados nas revistas de sexo explícito em quadrinhos no parque industrial do eixo Rio-São Paulo são editados em álbuns pessoais e autorais, como : Watson Portela, Júlio Brás, Mozart Couto, e o mestre do gênero terror, Júlio Shimamoto; e a esta lista somam-se outros, tais como os autores de HQ regional da revista Maturi, que afirmam obter uma tiragem de dez mil exemplares e mais de dez anos de experiência (apesar dos membros da escola paulistana de humor alcunharem este movimento de resistência regional como fanzine) tais como: Márcio José, Adrovando Claro de Oliveira e outros, além de Deodato Borges Filho (Paraíba) César Lobo (Rio de Janeiro), Rodval Matias (São Paulo), e muitos outros (eu mesmo cheguei a assinar contrato, do qual depois pedí cancelamento devido às cláusulas de exclusividade internacional).

•Antônio Amaral, do Piauí, publica o álbum Hipocampo (com apoio da Onix Jeans e da Fundação Cultural do Piauí) em 1994. Tal qual Henfil, seu traço é econômico e veloz, criando um padrão estético de abstração único, rompendo com a tradição plástica figurativa e concreta da HQ, seu texto, como o poeta Augusto dos Anjos, emprega terminologia científica da física, medicina, artes e literatura que muito habilmente mistura com folclore indígena (jabutí, jacaré) flora e fauna local, crítica social e poesia visual e verbal, criando um universo pessoal e autoral que é impar na história da HQ do Brasil; um trabalho de vanguarda exemplar. (Como afirmo no prefácio que fiz para este álbum), Amaral fez o desenho que abre a coletânea Brazilian Heavy Metal e em 2000 laça o segundo volume da saga-universo Hipocampo todo em quadricromia com outro prefácio meu.

Devido aos preconceitos e desinformação, somados aos interesses perniciosos de alguns cartunistas consagrados, no Brasil as publicações alternativas, “subterrâneas”, independentes de casa publicadora nas quais circulam trabalhos sem oportunidade no mercado editorial descrito acima, recebem a pecha de fanzine, termo de sentido dúbio e vago que já perdeu qualquer poder de significação ou descrição e que tornou-se pejorativo, depreciativo. Um exemplo desse preconceito acontece com os tantos textos de crítica apresentados em nossos Congressos ou publicados em revistas científicas universitárias: uma vez reproduzidos em fanzines passam a ser menosprezados e até mesmo rejeitados. Em outros casos, revistas que publicam HQ inédita são nominadas de fanzines para, propositadamente, confundir obras desenhadas com textos de crítica e reflexão acadêmica.

Os ditos “fanzines” apresentam-se hoje como o único espaço de veiculação de HQ autoral constante, isto graças aos esforços continuados de seus autores espalhados pelo imenso território do Brasil, em contato por meio de cartas e telefonemas, sem quase nunca conhecer-se pessoalmente, mantendo uma corrente oculta de produção que configura um movimento de resistência que dá vazão a esta produção (ignorada pelas editoras até agora, que não possuem mais a ditadura militar com censura e torturas para justificar sua falta de incentivo ou investimento). O número crescente de autores com experiências acumuladas resultou em um verdadeiro movimento subterrâneo espontâneo - mas organizado - de produção e resistência, distribuído pelo correio e pelo ‘heróico’ e abnegado defensor dos artistas da HQ, Edgard Guimarães.

No movimento de fanzines há iniciativas cuja persistência torna-se emblemática, simbólica da resistência cultural nacional, como a super-heroína Velta de Emir Ribeiro (Paraíba) ou a revista que edito desde 1979 em Santos, litoral de São Paulo, Barata, considera na Europa como CULT e citada como tal no livro O que é fanzine, de Henrique Magalhães (p. 27 e 59) e no Almanaque de Fanzines (p. 39, 55, 67).

Diversos autores dos fanzines também publicam profissionalmente, muitos em editoras de HQ pornográfica que por vezes arriscam um álbum autoral, sendo alguns exemplos em São Paulo:

•Laudo Ferreira Júnior, publica em diversos fanzines , e em 1987 edita o álbum independente Balada para o Futuro, seguido de outro, Hugo Terrara. Publica profissionalmente HQ erótica e em 1995 adapta para HQ o filme À meia noite levarei sua alma, do cineasta cult Zé do Caixão. Este álbum vende 60 mil exemplares em quinze dias, tendo a segunda tiragem de mais 60 mil também esgotada. Zé do Caixão (José Mojica Marins) passa a escrever roteiros exclusivos para Laudo. O primeiro é publicado na coletânea Brazilian Heavy Metal em 1996 e uma HQ colorida de Laudo passa a ser editada na revista erótica HQ Brazil e outras a cores do Zé do Caixão na revista Horror Show em 1997. Laudo recebe prêmios da crítica e tem seu trabalho reconhecido junto ao sucesso dos programas de televisão apresentados por Zé do Caixão, cultuado (cult) nos EUA sob o nome Coffin Joe.

•Lourenço Mutarelli Júnior, imprime na máquina de offset de Marcatti (que edita sua HQ autoral escatológica em casa, ao estilo de Crumb) a revista-fanzine Solúvel em 1989. Logo após, passa a publicar na revista de 120 mil exemplares Porrada Special e surgem diversos álbuns seus, como: Transubstanciação (1991), Desgraçados (1993), Eu te amo Lucimar (1994), Confluência da forquilha (1997) e participa do álbum Brazilian Heavy Metal (1996), etc.... Lourenço alega sofrer de problemas mentais, a Síndrome de Pânico (distúrbio neurológico comum dos grandes centos urbanos como São Paulo.). Alguns afirmam ser golpe de marketing que lhe garante cobertura da mídia com a curiosidade de ser arte terapia, chegando a dedicar seus álbuns aos remédios que toma, como Lorax e Prozac (que lhe dá o status de Prozac-Art muito popular em certos setores marginais) . O fato é que seu traço detalhado obsessivamente e roteiros mórbidos e deprimentes tem o aspecto de desequilíbrio mental que ele auto-imputa-se, e tal apresentação garantiu-lhe diversos prêmios e um leitor cativo preso a esta curiosidade mórbida.

Todos estes são exemplos aleatórios de autores que teorizam sobre HQ seguindo uma tendência internacional iniciada por Will Eisner (EUA) e representada nos anos 90 por Scott McCloud, ambos autores que escrevem e teorizam sobre a estrutura e signagem da HQ a partir de uma perspectiva tanto interna e de vivência autoral quanto de pesquisador e crítico.

Pessoalmente, não posso permitir-me omitir minha reflexão baseada em experimentação muito semelhante, uma espontânea Observação Participante deste recorte histórico e seus processos.

Edito HQ de vanguarda de diversos autores junto a minha própria em sistema de cooperativa na revista-fanzine Barata desde 1979. Após ter organizado a Primeira Exposição de HQ de Santos em 1985, fui eleito diretor executivo da Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas de São Paulo em 1986, onde escrevi a Cartilha de Direito Autoral da HQ. Fui jurado da I Bienal de Quadrinhos do Rio de Janeiro (1991), publiquei em cerca de 200 fanzines, além da publicação independente dos álbuns alternativos: Guerra das Idéias (1987), Guerra dos Golfinhos (1991) - também publicado em capítulos na revista Porrada Special e Absurdo (sob hipnose em 1992). Participei da coletânea Brazilian Heavy Metal (1996) e “Hora da Horta” com HQ histórica sobre os “Outros 500” do descobrimento e colonização do Brasil, em 2000; e sou o fundador e coordenador do Grupo de Trabalho em HQ no Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação desde 1995 até 2000, selecionando pesquisas de professores doutores universitários.

Tenho observado este quadro da HQ brasileira e sinto esta tendência crescente de autores que começam adolescentes em fanzines e depois de universitários (artistas, jornalistas, arquitetos, cineastas, publicitários, etc), passam a teorizar e refletir sobre o objeto HQ com uma franca vantagem sobre gerações anteriores somente acadêmicas, pois somam a seus argumentos a vivência prática da produção , quer em fanzines, revistas ou álbuns no Brasil e exterior.

(Um outro sintoma da existência de um mercado latente e inexplorado de universitários consumidores da HQ autoral é o fenômeno de vendas frente ao consumidor feminino "Sandman"de Neil Gaiman.)

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se deste quadro, que não pretende ser uma descrição exaustiva e sim um breve panorama do mercado brasileiro de HQ no final do Século XX e da situação histórica da qual é decorrente, a problemática brasileira e as peculiaridades que os autores desenvolveram para dar vazão à produção do bem cultural-produto que são as Histórias em Quadrinhos, cuja qualidade permite, inclusive, o tratamento de bem de exportação.

A HQ sofre do mesmo problema que a literatura, ambas impressas em suporte papel (grafosfera midiática), lutando para sobreviver em um país de dimensões territoriais continentais, com um problema de analfabetismo não assumido pelas autoridades, alta densidade demográfica no parque industrial do eixo Rio de Janeiro-São Paulo, migração em massa com choque cultural rural-urbano, etc...

Esta população semi-alfabetizada e sub-empregada ouve rádio, vê televisão, não compra HQ quando pode comprar comida, e as editoras acostumaram-se a ter menos prejuízo e problemas com a censura da ditadura publicando material americano, o que criou uma cultura de repúdio à produção local que somou-se ao espírito colonial de valorizar o que é estrangeiro, sendo louvável o fenômeno Maurício de Souza, que é a excessão para confirmar a regra.

Porém, centenas de fanzines atuam como resistência cultural em um movimento alternativo que chega a ter distribuidoras atuando pelo correio, um Maximarketing ultra-segmentado, nichos ou Um-a-Um, e deste universo de um perfil de consumidor extremamente exigente e seletivo surgem artistas com uma obra autenticamente autoral, sendo que muitos destes são universitários que cursam pós-graduação e participam de congressos científicos, realizando pesquisas onde unem a teoria à prática.

De todo o universo dos quadrinhos brasileiros, cerca de 70 autores profissionais e de fanzines participam da coletânea Brazilian Heavy Metal, dando um claro panorama da produção brasileira autoral neste mercado do final do Século XX.

3-Bibliografia Comentada

ALMANAQUE de fanzines: o que são pôr que são como são. Rio de Janeiro, Arte de Ler, s.d. (Levantamento do quadro de fanzines de HQ, endereços, textos de amostra e entrevistas com Edgard Guimarães, Flávio Calazans e outros.)

ANSELMO, Zilda Augusta. Histórias em quadrinhos. Petrópolis, Vozes, 1975. (Estudo sobre consumo de HQ, idade e sexo do leitor, histórico da HQ.)

BANDE DESSINÉ ET FIGURATION NARRATIVE [por] Pierre Couperie [et alii] .Paris, Musee des Arts Decoratifs/Palais du Louvre, 256p.il.[1967] (Livro de estudos da exposição do Louvre que marcou época quando a HQ estava sendo aceita como Arte nos anos 60.Considerada como Literatura Desenhada.)

CAGNIN, Antonio Luiz. Os quadrinhos. São Paulo, Ática, 1975. (Importante e clássico estudo detalhado da linguagem da HQ. Inclui o famoso gráfico de leitura criado pôr Cagnin, ao final.)

CALAZANS, Flávio Mário de Alcantara. Histórias em Quadrinhos no Brasil: Teoria e Prática. São Paulo, INTERCOM/Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, GT Humor e Quadrinhos, 1997. (Coleção GTs INTERCOM, v. 7) (Organizador)ISBN 85-900400-1-1 (Coletânia das pesquisas produzidas por autores de hq com mestrado e doutorado nos congressos da Intercom)

___. "Bibliografia sobre Histórias em Quadrinhos com Resenhas Críticas" In: CALAZANS (org.)Histórias em Quadrinhos no Brasil: Teoria e Prática. SãoPaulo,INTERCOM/Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, GT Humor e Quadrinhos, 1997. (Coleção GTs INTERCOM, v. 7)

(Organizador)ISBN 85-900400-1-1 (Pioneiro levantamento bibliográfico de 20 anos cobrindo 5 idiomas sobre o tema Histórias em Quadrinhos, revistas e livros.) __. As mensagens subliminares nas histórias em quadrinhos. Leopoldianum, UNISANTOS, 18 (51): 47 – 50. 1991. (Levantamento de depoimentos de autores como Alan Moore e Will Eisner que confessam empregar mensagens subliminares. Histórico destas técnicas.)

__."Um panorama das histórias em quadrinhos brasileiras contemporâneas". In: Comunicação& Sociedade, Universidade Metodista de São Paulo, nº 29, 1998. p. 199-218ISSN 0101-2657 (Estudo sobre o quadro de produção e mercado consumidor das HQ no Brasil, propondo divisão em 4 tipologias: Infantil, Erótico, Comercial e Autoral.)

__."As Histórias em Quadrinhos do Gênero Erótico". In: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação. São Paulo, INTERCOM, v. XXI, nº 1, jan/jun 1998. p. 53-62. (Estudo específico do mercado de revistas, seus gêneros e sub-gêneros segmentados de HQ erótica, descrevendo os principais autores e revistas, diferenciando do mercado de álbum erótico.)

__. "Midiologia Subliminar: Marketing do Pânico Pokemon à Pokemania" . In: Líbero, Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, Ano 3, volume 3, n.5, 1o semestre de 2000, p. 74 a 87.(ISSN 1517-3283) (Pesquisa sobre Pokemon, do video-game aos quadrinhos, quantificando o mercado consumidor e propondo explicação para o fenômeno de epilepsia que depois foi confirmado em pesquisas neurofisiológicas no Japão.)

CHULIÁ, J.V. Alan Moore, el señor del tiempo[.s.l.p.] Edicíon Global [1996].(Nexus n.4). (Críticas detalhadas da evolução do roteirista inglês Moore e suas mensagens político-ecológicas , obra indispensável para compreender-se o conceito atual de autoria na HQ.) CIRNE, Moacy. Quadrinhos, sedução e paixão. Petrópolis:Vozes, 2001, ISBN 85.326.2486-3 (Reflexões de Cirne sobre HQ, Teatro e Cinema recolhidos de ensaios publicados e inéditos do período que o prefácio denomina de “maturidade” do crítico. Cita Flávio Calazans como “quadrinhólogo internauta” à página 105.)

COMA, Javier. El ocaso de los héroes en los comics de autor. Barcelona, Ed.Península, 1984. (Registro detalhado do processo internacional do autor da obra tornando-se referência maior do que seus personagens, sintoma da maturidade estética da HQ semelhante ao ocorrido anteriormente com o Teatro, Literatura e Cinema. São estudados autores como Feiffer, Crumb, Corben, Bodé, Crepax, Bourgeon, Druillet, Moebius e outros, destaque para a história da revista Pilote de Goscinny e os grupos de autores dissidentes que fundam a revista “Métal Hurlant”que inspirará a estética “Heavy Metal”na HQ internacional, consagrando o autor.)

DORFMAN, Ariel & MATTELART, Armand. Para ler o Pato Donald: comunicação de massa e colonialismo; tradução de Álvaro de Moya. 2. Edição. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1980. (Clássico imprescindível da Teoria Hegemônica que denuncia a dominação cultural dos comics americanos.)

IKOMA, Fernando. A técnica universal das histórias em quadrinhos. São Paulo, Edrel [s.d.] (Manual técnico de Ikoma, que junto com Cláudio Seto introduziu a linguagem do mangá no Brasil. Ensina a fazer HQ adaptando as técnicas japonesas ao Brasil.)

IMBASCIATI, Antonio & CASTELLI, Carlo. Psicologia del fumetto. Firenze, Guaraldi Editore [1975] p. 79-245 (Estudo psicológico dos quadrinhos e seus personagens onde populações de leitores projetam seu inconsciente.)

LENT, John A. Comic art in Africa, Asia, Austrália and Latin America: a comprehensive, international bibliography compiled by John A. Lent. USA, Greenwood Press, 1996. [p.xxxii agradecimento pela colaboração de Flávio Calazans no Brasil]. (Pioneiro levantamento bibliográfico internacional por Lent, coordenador do Grupo de Trabalho de HQ da IAMCR.)

MAGALHÃES, Henrique. O que é fanzine. São Paulo, Brasiliense, 1993. (Primeiros passos, v.283) (Pioneiro estudo e classificação dos fanzines e seus métodos e conteúdos. Cita a Barata, que em cooperativa, iniciou em 1979, em Santos, veiculando material autoral.)

MARNY, Jacques. Sociologia das histórias em quadrinhos; prefácio de René Goscinny; tradução de Maria Fernanda Margarida Correia. Porto civilização, 1970. (Estudo sociológico da HQ e os grupos sociais que a consomem.)

McCLOUD, Scott. Desvendando os quadrinhos; tradução de Hélcio de Carvalho, Marisa do Nascimento Paro. São Paulo, Makron Books. 1995. (Clássico estudo estético da HQ, sua produção e evolução, com ênfase nos americanos mas, não omite europeus e japoneses.)

___. Reinventing comics. New York: Paradox Press, 2000, ISBN 61941220970. (Reflexões quadrinhizadas sobre o mercado de hq nos USA e a importância das tecnologias da informática, Internet e CDROMs.)

MOYA, Álvaro de. História da história em quadrinhos. 2. Edição ampliada. São Paulo, Brasiliense, 1993. (História da HQ na visão pessoal e subjetiva do autor, com ênfase acentuada nos comics americanos, embora cite alguns novos autores brasileiros, como Calazans na p.197).

TISSERON, Serge. La B.D. au pied du mot. France:Editions Aubier.1990. (Estudo psicanalítico das Histórias em quadrinhos franco-belgas, biografia dos autores, angústias e motivações sublimadas e projetadas nos personagens ocasionando identificação com os leitores com os mesmos tipos psicológicos.)

O MARKETING DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS : UM MODELO MERCADOLÓGICO COMO SEGMENTAÇÃO DE MERCADO DO PRODUTO DE EXPORTAÇÃO DA HQ AUTORAL BRASILEIRA. por Flavio Calazans foi publicado originalmente na revista científica da UNITAU:

CALAZANS, Flávio. O MARKETING DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS : UM MODELO MERCADOLÓGICO COMO SEGMENTAÇÃO DE MERCADO DO PRODUTO DE EXPORTAÇÃO DA HQ AUTORAL BRASILEIRA. In: Revista Ciências Humanas, Taubaté, V.8, p.109-117, Julho-Dezembro de 2002.

O MARKETING DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS : UM MODELO MERCADOLÓGICO COMO SEGMENTAÇÃO DE MERCADO DO PRODUTO DE EXPORTAÇÃO DA HQ AUTORAL BRASILEIRA. por Flavio Calazans

Comentários

  1. José Luiz Guimarães Galvão: - "O texto não só é confuso (qual a relação entre redução de gasto público e aumento das importações?) e surpreendemente desinformado......
    Escreveu o blogueiro:
    "A razão para a escalada do dólar agora é outra. E tem algumas razões benéficas. Prova disso é que o risco país não tem subido ao contrário de outras épocas."
    Ontem a imprensa já noticiava o aumento do risco país....."

    - Calazans responde atenciosamente - "Não achei as frases na postagem, pode me explicar sua crítica ?
    Viu a dada do texto original ao final do artigo, José Luiz Guimarães Galvão ?
    Quem era o PRESIDENTO em 2002 ? -

    CALAZANS, Flávio. O MARKETING DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS : UM MODELO MERCADOLÓGICO COMO SEGMENTAÇÃO DE MERCADO DO PRODUTO DE EXPORTAÇÃO DA HQ AUTORAL BRASILEIRA. In: Revista Ciências Humanas, Taubaté, V.8, p.109-117, Julho-Dezembro de 2002."

    ResponderExcluir
  2. "O que este tal de Flavio Calazans lá sabe do ramo dos Quadrinhos para falar isto ?" Thais Venceslau.

    Eu, Flavio Calazans,



    editei Histórias em Quadrinhos (HQ) de vanguarda de diversos autores junto a minha própria HQ em sistema de cooperativa na revista-fanzine "BARATA" desde 1979 por mais de VINTE ANOS .

    Fui um dos organizadores da "Primeira Exposição de Histórias em Quadrinhos de Santos" no Centro de Cultura da Prefeitura Municipal de Santos, em 1985.

    Depois deste evento eu fui eleito diretor executivo da Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas de São Paulo, AQC, em 1986, onde escrevi a "Cartilha de Direito Autoral da AQC" em segunda edição ampliada em 2018, o PRIMEIRO livro no Brasil sobre direitos e legislação que defede os autores de Quadrinhos, Charges, Caricaturas, etc.

    Minha obra em quadrinhos também foi publicada na EDITORA ABRIL na revista "AVENTURA E FICÇÂO" número 19, em setembro de 1989. HQ "Falta de Força".

    Fui jurado da "I Bienal de Quadrinhos do Rio de Janeiro" (1991),

    Também publiquei centenas de páginas: artigos, quadrinhos, tiras, charges e ilustrações em centenas de fanzines, além da publicação independente dos álbuns alternativos:

    "Guerra das Idéias" (1987), publicado por Worney almeira de Souza WAZ, depois por Henrique Magalhães, depois por Marcos Freitas, etc,

    "Guerra dos Golfinhos" (1991) - também publicado em capítulos na revista Porrada Special, depois por Edgard Guimarães, depois por Henrique Magalhães, depois por Marcos Freitas etc,

    "Absurdo" (sob hipnose em 1992) co autoria com Paula Prara Vandenbrande.

    “"Hora da Horta” com HQ histórica sobre os “Outros 500” do descobrimento e colonização do Brasil, em 2000; republicado por Marcos Freitas,

    Participei da coletânea "Brazilian Heavy Metal" (1996) editada por Dario Chaves.

    Participei da coletânea "Pátria Armada : visões de guerra" de Klebs Junior (2016).

    Fui o fundador e coordenador do primeiro grupo oficial fixo de pesquisa de Histórias em Quadrinhos em um evento acadêmico de pesquisa científica, foi o "Grupo de Trabalho em HQ - GTHQ" no Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação -INTERCOM, desde 1995 até 2000, selecionando pesquisas de professores doutores universitários..

    Também fui o idealizador e Organizador do livro com pesquisas do GTHQ – Histórias em Quadrinhos no Brasil: Teoria e Prática. São Paulo, INTERCOM/Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, GT Humor e Quadrinhos, 1997. (Coleção GTs INTERCOM, v. 7) (Organizador) ISBN 85-900400-1-1.

    Sou autor do PRIMEIRO livro do Brasil especializado a cerca do tema : "Histórias em Quadrinhos na Escola"; Paulus Editora; Edição: 2ª (1 de julho de 2004),editora PAULUS São Paulo, ISBN 85-349-2140-7 .

    E muito mais que pode ler sido com meu nome no Google, como por exemplo:

    - https://www.lambiek.net/artists/c/calazans_flavio.htm

    ou

    http://www.guiadosquadrinhos.com/artista/trabalhos-de/flavio-calazans/4982

    bem como no meu blog CALAZANS ZANS ZANS © :

    http://calazanista.blogspot.com/

    e também no meu canal youtube CANAL CALAZANISTA © :

    https://www.youtube.com/user/Calazanista


    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS – de mário de andrade

" Ó, vós que entrais, abandonai toda a esperança." escrito na PORTA DO INFERNO "Divina Comédia" de Dante Alighieri,- Flávio CALAZANS DIANTE DA CASA DE DANTE