Revista Barata ou Fanzine BARATA de Calazans

BARATA - COOPERATIVA DE QUADRINHOS

A Cooperativa Barata edita a revista "Barata" em Santos/SP, cujo nº 0 data de 31 de outubro de 1979, criada por Flávio Calazans, tendo uma tradição de mais de 20 anos na pesquisa de linguagens (fronteiras entre conto, poesia e HQ) no circuito da imprensa alternativa nacional e internacional. É considerada pela crítica especializada na Europa com o status de "CULT". Representou o Brasil em Exposições de Histórias em Quadrinhos, Fanzines, Arte Xerox e Arte Postal em Portugal, Espanha, Cuba, etc.. Requisitada para acervo pela Biblioteca do Congresso dos USA, Dieta Japonesa, Bedeteca de Lisboa, Fanzinothèque de Poitiers e Museu de Bande Dessinées de Angoulême-França, Casa da Xuventude de Ourense-Espanha e diversas Gibitecas pelo Brasil, como: Gibiteca de Curitiba, Gibiteca Henfil da Paraíba, Gibiteca Henfil de São Paulo, Gibiteca Marcel Rodrigues Paes de Santos, etc..

Esta revista sempre foi vendida em Universidades, sendo o contato direto dos produtores com os leitores em feedback imediato a causa do rápido amadurecimento e aperfeiçoamento de técnicas e propostas dos autores (como fazem as revistas laboratoriais) em uma contínua investigação de linguagem por mais de 20 anos, de cuja pesquisa experimental resultou um tipo de Quadrinho-poster, desconstrução narrativa, anti-linearidade, parataxe - uma nova poética de imagens na velocidade subliminar de um video-clip; mixando a BD européia com os Comix dos USA e o Mangá do Japão. Autores de quadrinhos que fizeram sua estréia na BARATA depois publicaram profissionalmente em grandes editoras como ABRIL e revistas como HEAVY METAL.

Esta revista que edito desde 1979 em Santos, litoral de São Paulo, Barata, citada nos livros O que é fanzine, de Henrique Magalhães (p. 27 e 59) e no Almanaque de Fanzines (p. 39, 55, 67)

Na Internet em http://www.calazans.ppg.br/c_ar11.htm e em http://www.gibindex.com (no setor zines página exclusiva para destacar a Barata).

ENTREVISTA A EDGARD GUIMARÃES E HENRIQUE MAGALHÃES PARA LIVRO DA EDITORA OPERA GRAPHICA: 12 de fevereiro de 2002, Terça feira de carnaval.

O que o motivou, como soube de outros zines?
Na verdade, a inspiração veio do "ZAP COMIX" de Robert Crumb, da possibilidade de auto-edição, e da "Métal Hurlant" que era feita meio em cooperativa-mutirão por Druillet, Moebius, Caza e outros rejeitados da Pilote de Goscinny, ou seja, era o Underground USA e a França que nos inspiravam. Eram os tempos da Ditadura Militar quando saíamos com mimeógrafo a álcool emprestado escondidos para rodar as matrizes-estêncil de várias cores misturadas (inovação técnica, mas o verde acabava antes e era preciso retocar diversas vezes), era rodado e intercalado na mesa de jantar da minha em casa, era 1979 e trabalhavamos em mutirão, cooperativa, todos juntos....

Em um catálogo da ed. Brasiliense vi na seção de cartas o Adrovandro Claro de Oliveira falando da revista MATURI (Natal, Rio Grande Do Norte), e escrevi a ele, daí trocamos experiências e contatos, por meio da MATURI contactei outros editores alternativos, naqueles tempos ninguém usava este termo genérico de "FANZINE", nos víamos como independentes, revistas alternativas, udigrudi !

.....passam como um filme em minhas recordações todas estas as cenas de alegrias, festas de lançamento, exposições, todos os amigos e as conquistas destes 21 anos: a felicidade quando a Biblioteca Nacional tinha registrando a revista (até decorei: número de registro 36435, livro 34, folha 194) já éramos históricos!!

...e todas aquelas Exposições Internacionais na Europa, na América, .. Lembro como se fosse ontem da euforia de todos festejando quando fomos considerados "Cult" pelos maiores pesquisadores de HQ do mundo, e outra festa foi o convite da "Biblioteca do Congresso dos USA" para representar a América Latina no acervo deles, depois da "Dieta Japonesa", então da Fanzinoteca de Poitiers- do Museu de Angouleme, França, da Bedeteca de Lisboa, e as cartas de tantas Gibitecas do Brasil (Curitiba, Paraíba, São Paulo, etc) e até me vem lágrimas aos olhos de pensar que estamos em tantos lugares...que fizemos parte da HISTÓRIA dos quadrinhos brasileiros...citados em tantos livros...que demos oportunidade de publicação e estréia a tantos jovens, muitos dos quais hoje estão consagrados como artistas com reconhecimento internacional...publicados pela Editora Abril, Heavy Metal, Porrada Especial, Metal Pesado, Fêmea Feroz, Nektar, Crepúsculo, Manticore, Maturi, Legenda... e tantas outras revistas profissionais..e que deste movimento surgiu o primeiro grupo de pesquisadores de quadrinhos oficialmente reconhecido, o GTHQ no Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação de 1995 a 2000:

"Calazans-GTHQ" http://7mares.terravista.pt/drcalazans, website com resumos dos "papers" apresentados no Congresso Brasileiro de Ciências de Comunicação -Intercom, no Grupo de Trabalho Humor e Quadrinhos fundado e coordenado por Calazans de 1995 a 2000, com fotos das reuniões (Incluindo Lusocom, IAMCR, ALAIC, Congresso Brasileiro de Semiótica e outras), depoimentos dos membros, biografia de Calazans por Gian Danton, histórico do GTHQ etc...foi ao ar em 31 de outubro de 2001 às 11:00 da manhã.

..que até lançou livro..

Histórias em Quadrinhos no Brasil: Teoria e Prática. São Paulo, INTERCOM/Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, GT Humor eQuadrinhos, 1997. (Coleção GTs INTERCOM, v. 7) (Organizador) ISBN 85-900400-1-1 e os dois CDRoms e tantos websites na Internet como: http://www.calazans.ppg.br

ARTES VISUAIS-Gibitecas, bedetecas e gibiterias-Livrarias de HQ pelo mundo.Flávio Calazans, ETCETERA revista eletrônica de arte e cultura #6 Nov/Dez.2001, http://www.revistaetcetera.com.br


http://7mares.terravista.pt/gibitecas apresenta textos sobre Gibitecas e Gibiterias que visitei na Europa e Mercosul; inclui fotos.

Entre tantos outros de uma rede internacional incomensurável..

O BARATA agora funciona como no começo em 1979, isto quer dizer que publicamos em cooperativa, e no Brasil, cooperativa quer dizer que cada pessoa paga uma parte igual do orçamento da gráfica, todos pagam a capa expediente e índice, e as histórias tem no máximo 4 páginas, mas quem envia uma página paga igual a quem enviou quatro, isto é cooperativa, todos cooperam para que exista a revista em mutirão.

A "FESTA DA BARATA" ocorria a cada lançamento, um tipo de "Bumba-meu-Boi" segundo uma professora de Folclore, uma procissão ou festança, folia, um Carnaval como brasileiros gostam:

1) Na frente um "porta-Bandeira" com um cartaz de madeira anunciando que "A Barata Está entre nós", ou "A barata ataca outra vez", este "Arauto" ia gritando pelos corredores e pátios das faculdades, avisando do lançamento da revista;

2) seguido do "carro alegórico": uma Barata pré-histórica em papier machê (jornal, água e gesso) com rodas de madeira, uns 50 centímetros, pintada de latex marrom, pernas de fios pretos de eletricidade com fiapos de lã amarrados, antenas de arame grosso recoberto de borracha negra, asas de cartolina de caixa de supermercado forrada de saco de lixo preto (feita por Calazans e Bar);

3) Depois dele, dois guarda-costas praticantes de artes marciais impedindo engraçadinhos de pisar na barata que ia sendo puxada por um fio de Nylon;

4) e então Fernando Feijó vinha com um vidro cheio de baratas vivas enormes, com uma ficha de cassino dentro: a moça que colocasse a mão e tirasse a ficha sem deixar nenhuma barata escapar subindo pelo seu braço ganhava um exemplar da revista (surpreendentemente, sempre havia duas ou três jovens que conseguiam, a maioria enojada fugia do desafio);

5) e por fim, algumas meninas das mais bonitas de cada classe ajudavam vendendo a revista de mão em mão;

6) ....eu fechava o desfile vindo no final da procissão junto a outros autores e curiosos observando reações e anotando mentalmente os comentários e críticas para debater nas reuniões seguintes do grupo.

Este evento era a "FESTA DA BARATA" , como ficou conhecida, não era fixa nem datada, podiam ocorrer três ou quatro em um ano, uma só vez em outro ano, era imprevisível e atraia muito os calouros, motivava outros grupos de Teatro e de Poetas a realizar eventos semelhantes para divulgar suas obras, era um tipo de "Performance" ou "Happening" que realizávamos com muito prazer.

Fizemos até vinheta em desenho animado, entre outros projetos.

http://www.calazans.ppg.br/c_ar11.htm tem capas da revista e o desenho animado da Barata.

Uma das coisas que atraia os leitores era a crítica inteligente e a ironia, além das HQs de vanguarda e poesias visuais experimentais que poucos apreciavam e muito, muito poucos entendiam.

ENTREVISTA A ÉRIKA SAHEKI:

Quais os motivos que o levaram para que você colocasse o nome Barata?
Um dia, na sala de aula (eu estudava Tradutor Intérprete no 2º grau técnico, em 1977) uma Barata voadora apareceu e apavorou as 20 meninas da classe de 22 alunos , 20 e dois homens), e quando ela sumiu, ficou um clima,.. cada menina achando que ela ia subir pela perna e entrar na saia dela..durante todo o dia, toda hora, uma menina gritava com a impressão de ter a Barata nela..no cabelo, na perna...aí desenhei uma Barata com a camiseta da escola no caderno já pensando no projeto de fazer um jornal ou revista da classe...era época da Ditadura, e tinha um clima de terror no ar, podíamos ser atingidos por tiros dos terroristas militares ou dos terroristas comunistas, entre fogo cruzado, podíamos ser cagüetados-mesmo inocentes-e levados pelo Dops-Doi-Codi, torturas e gente sumindo..e a Barata representou bem o espírito de insegurança e terror daquela época negra...daí fiz o poema "tem asas e pode voar,se esconde nas frestas tudo vendo.." que foi o editorial por muitos números..um símbolo hoje datado e talvez sem sentido para as novas gerações que não viveram esta época de paranóia.

A Revista Alternativa BARATA foi requisitado para arquivo representando a arte brasileira pela Biblioteca do Congresso dos USA, Dieta Japonesa, Biblioteca Nacional (RJ), Fanzinoteca de Poitiers , de Angoulème (França), Bedeteca de Lisboa, diversas Gibitecas pelo Brasil etc...

BARATA Representa o Brasil há vinte anos em Mostras , Feiras e Festivais Internacionais de FANZines e Arte Postal, sendo considerado por críticos europeus como o fanzine ''CULT'' da HQ do Brasil.

"BARATA não usa calças, mas sua nudez é despojada e natural, nada obscena. BARATA é negra e cabeça-chata; é liberdade que incomoda a medíocre abelha e a fútil borboleta, pois estampa eterno sorriso de fé e esperança."

", .. BARATA por que este nome? Porque a barata se arrasta sobre a barriga, às surdinas, pelos cantos e buracos, tudo vendo e ouvindo, marginal como a publicação que dela o nome pede emprestado. Sempre que por alguém que olha o chão é encontrada, é reprimida, esmagada...

Mas, apesar de no escuro rastejar, desprezada por todos, a barata tem asas e pode voar!...

Barata é uma atitude, romper preconceitos. É fazer comparações e trocas entre autores de várias tendências. É ser romântico, político, concreto, erótico, gótico, intimista, punk, etc.

A BARATA sobrevive até a uma Explosão atômica, e, por isso, muitos dizem que ela é o símbolo da ESPERANÇA, pois "A Esperança é a última que morre", diz o ditado."

O que foi que o impulsionou a fazer fanzine numa época de ditadura brava?
Juventude. Era isto ou ficar parado vendo TV !!! Era o período de 1977 a 1979, foi a gestação e amadurecimento do projeto...Todos acreditávamos em um mundo melhor, e havia um inimigo comum, a Ditadura repressora, éramos adolescentes e com talento, gritando nosso anseio de liberdade e criatividade, tínhamos uma mensagem e um ideal, éramos um coletivo, todos juntos em cooperativa, mutirão, "um por todos e todos por um" e mesmo mudando as pessoas a cada ano, crescendo muito o círculo de contatos, eu continuei e pude ver bem este processo todo, testemunhar a História , assistindo a estes gestos de uma coragem que só os verdadeiros artistas tem, inspirados pelo amor à humanidade e pelo companheirismo fraterno, pode parecer piegas, mas todo artista, mesmo que disfarce e tenha vergonha, no fundo no fundo faz isto mesmo..

Quais as mudanças mais significativas no underground da época em que você começou e agora?
Havia um movimento , inspirado no Crumb, depois, quando o pessoal da Pilote em desacordo com o Goscinny criou a "Metal Hurlant" tivemos a certeza que este era o caminho para dizer o que sentíamos sem pedir licença aos editores; nos auto-publicamos, distribuímos e lutamos aprendendo de produção gráfica a marketing,... tudo por acreditar no que precisávamos gritar, um grito de esperança...líamos livros, assistíamos cinema de arte em cineclubes, freqüentávamos teatro, vernissages, saraus poéticos..fruindo todas as artes em uma sede insaciável de conhecimento e tendo prazer em aprender coisas novas, nossas vidas inspiravam nossas obras...hoje sinto que parece que os fanzines são somente escolinhas de treino de desenhistas que querem ser empregados dos USA e que aparentemente não ter nada a dizer..(salvo raríssimas exceções que só confirmam a regra)..mas não é culpa deles, ficaram acomodados com a TV Globo e as revistas de banca, alienados, eles só tem um modelo....no nosso tempo tinha revistas como a "Grilo", depois "Bicho" e por correio recebíamos os espanhóis e franceses...tinha um mercado negro de empréstimos e troca de revistas, não existiam ainda as máquinas de xerox...víamos cópias de revistas como "Zap Comix", "Metal Hurlant" havia diversos modelos diferentes, a editora Edrel com Seto, Hikoma e outros nos mostrando o estilo do Japão,e lá no bairro da liberdade-SP, tinha Mangá usado, de segunda mão, baratinho, que comprávamos prá sentir a diagramação, a narrativa, o traço..buscávamos o novo, tínhamos iniciativa própria e ambição em dizer algo, ser originais, sem copiar o estilo de um "John" qualquer de modismo do momento como faz a molecada de hoje.

O que você conquistou nesses 21 Anos de Barata?
Eu, pessoalmente? Bom, eu tive muitas vivências, acumulei experiência de vida, ganhei tantos amigos, conheci pessoas interessantes, criativas, cheias de vida e esperança, muito prazer e beleza, cheias de amor e alegria de viver, aprendi muito e tive oportunidades de crescer e amadurecer como pessoa, como editor, conheci coleguismo, amizade, sacrifícios pessoais e financeiros, gente abnegada, trabalhadores incansáveis, e construímos juntos um nome, um conceito de "HQ de autor" da qual não se falava muito no Brasil, marcamos nome até na pesquisa com o GTHQ..

... Por outro lado, é lógico que isto tudo também inspirou invejas, boicotes, gente frustrada e insatisfeita consigo própria que tentaram nos usar para se auto-promover, gerando polêmicas, e como eu aparecia muito citado nos catálogos (eu fazia os envelopes e cuidava das cartas, eu era o contato com pesquisadores, jornalistas, artistas, e isto chamava a atenção para meu quadrinho), virei alvo de agressões, palavrões e ameaças, fui plagiado e roubado muitas vezes por autores e editores. Vítima de traições e injustiças, censura, boicote e lista negra... Deste modo, pude vivenciar na prática os dois lados e aprendi muito com isto,.. hoje, quando surge um cara no mesmo padrão, percebo de cara pelo tom, intuo tudo já no segundo contato e então já corto este contato, mantenho distância educadamente ...ou, às vezes, testo o cara, falo do sucesso da Barata, e então, quando explode a ira e inveja em palavrões e ofensas pessoais a mim ou à revista, isto prova que é outro frustrado e carente com inveja doentia que quer nos diminuir e desvalorizar para compensar sua sensação pessoal de derrotado e fracassado (Looser-perdedor, na linguagem deles), e nos dando esta certeza assumida, posso ignorá-lo sem a dúvida de ter sido apressado ou injusto, pois é mais um elemento nocivo e intriguento, outro fofoqueiro que só merece pena e que breve cairá no esquecimento igual a como já estão esquecidos tantos outros que ví nestes 21 anos... Fazer o Barata foi uma aula sobre a natureza humana no que ela tem de melhor e de pior.

Quantas pessoas passaram por seus fanzines?
Nunca parei prá contar, prá gente o que vale mesmo é a qualidade, e não a quantidade...creio que tivemos uns dez a vinte participantes por número, e todo mundo que chegasse era sempre recebido de braços abertos e estimulado a publicar, destes acho que tivemos uns 3 ou 4 estreantes cada vez, multiplicando por uns 30 números (contando edições especiais e um número zero-quadrinhos) daria por volta de uns cem (100), acho...ou não... mas é só uma estimativa por alto, nada a ver !! ..E quem gosta de números é o pessoal americano, os quantitativos, nós somos mais é qualitativos, quer dizer : prá gente vale a arte, a emoção, uma hq boa, com mensagem, proposta, que toca e comove, que tem algo a dizer, daquelas que marca a gente prá sempre, vale mais que duas mil hqs de consumo que não dizem nada ..talvez por isso que os europeus chamem a gente de "CULT", por esta qualidade sempre presente.

21 Anos é muita coisa, uma vida , eu mesma tenho 21, por que a sua insistência de ter continuado por tanto tempo ?
Ninguém nunca pensou que durasse tanto, era uma brincadeira, um prazer, um desabafo..mas a cada ano apareciam temas que nos provocavam, indignavam, inspiravam..e a revista ia se montando sozinha, iam chegando hqs de todo Brasil, do exterior, uma coisa natural..e assim, do nada, a gente sentia que tinha um número novo sendo gerado..a revista se fazia sempre sozínha..eu queria mais era parar, fiz muitos outros zines e revistas e livros, mas a Barata teimava em vir incomodar de novo, já surgindo meio pronta, um processo inconsciente, subliminar..hoje, com três empregos e namorada, num tenho mais tempo, Parar...não foi uma decisão, foi acontecendo aos poucos, pessoas foram surgindo, como o Gazy, Érika, que ajudavam a montar os números, mas eles também tem seus empregos, vida pessoal, e parece que agora acabou mesmo, ...as novas gerações não tem este espírito, a Barata envelheceu, ficou extinta, hoje os novos querem publicar como vitrine, esperando ser
projetados e ser contratados como empregados e pau-mandados de norte-americanos, como operários de fábricas e linhas de montagem anônimas, até assinando com nome de gringo...a maioria parece estar vendo a HQ como um mero produto de consumo descartável, .... coisa fabricada impessoalmente em linha de montagem, sem autor, sem carinho, sem envolvimento, igual a desenhistas de publicidade anônimos, ...ninguém mais quer ser artista, parece que ninguém tem nada a dizer, só conta o lucro sem prazer, a obrigação neurótica de cumprir prazos...estas pessoas não tem o espírito original, logo, a Barata morreu...morreu mesmo, para nossa tristeza...porém, apesar disto, eu e outros, como, por exemplo, Érika, Gazy, Edgar Franco, Edgard Guimarães, Gian Danton, e tantos que se eu citasse ia acabar esquecendo algum e me arrependendo depois, tantos com alma de artista, talentosos..estes que lembrei estão também no GTHQ e mantém muito contato frequente...são daqueles amigos de mais de dez anos...gente boa..grandes figuras humanas que tive a honra e o privilégio de chamar de amigos... estes vão continuar criando, pois é uma compulsão que independe de nossa vontade.. e de vez em quando uma revista ou zine surgirá para escoar-como panela de pressão-esta força criativa sufocada, que hiberna esperando tempos melhores..quem sabe este ano não sai outra BARATA ? Tem uma coçeirinha incomodando-me agora mesmo, do Bioterrorismo, Clonagem, criogenia, tantos temas provocantes pedindo por uma HQ bem satírica e crítica, provocativa e desafiadora !!!! Vem vindo aí outro número da "BARATA " !!!

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