Calazans entrevistado sobre BORDALO por Fernanda

Boa tarde Professor Flávio Calazans, Sou a Fernanda , que entrou em contato com vc via facebook. Desde já agradeço pela atenção, segue abaixo algumas questões que gostaria de saber a opinião do senhor:
Fernanda - “Antes que eu me esqueça, por gentileza, qual é a formação e área de atuação do senhor?”
CALAZANS –Fernanda , obrigado por entrevistar-me, formalmente costuma-se dizer quem é a orientadora do mestrado, o nome, tema e circunscrição-delimitação espaço-tempo e objeto do projeto e qual a instituição antes de proceder às perguntas, gostaria muito de saber isto, auxiliaria inclusive a direcionar as respostas, e talvez não seria muito ético responder sem que sua orientadora autorizasse-me, estou pressupondo que a orientadora sabe desta entrevista, viu as perguntas e concorda com o direcionamento e redação dos quesitos, aguardo os dados da Instituição de Ensino e outros dados acimo solicitados, mas respondo de boa-fé para não atrasar mais seu cronograma . Minha formação é desenhista autodidata, e pelo direcionamento de suas perguntas infiro que vc procura-me como fonte apenas como “DESENHISTA” , mas para a sua orientadora pode dizer que fiz “Instituto Universal Brasileiro”, IUB curso por correspondência em Desenho artístico e Publicitário, sempre fiz caricaturas de colegas de classe e professores desde muito pequeno e depois fiz oito anos de TRADUTOR INTERPRETE JURAMENTADO nível poliglota para Françês –Inglês-Espanhol atuando como tradutor no mercado editorial; sou Bacharel em DIREITO faço perícial judicial em base de processos do Código do Consumidor , também sou Bacharel em Comunicação, Mestre e DOUTOR em Ciências da Comunicação pela ECA USP, e LIVRE-DOCENTE em ARTES pela UNESP, etc. Fui fundador e coordenador do GTHQ, primeiro grupo de pesquisa em caricaturas e quadrinhos no Intercom , um Congresso Científico de Pesquisa onde fui organizador do livro “Histórias em quadrinhos no Brasil- teoria e prática” pelo Intercom coletando cerca de seis anos de papers apresentados sob minha seleção e organização no GTQH,
sou autor do livro em terceira edição ‘História em Quadrinhos na Escola” da ed Paulus, o primeiro do Brasil sobre uso de HQ na escola,
e também sou autor do livro em SÉTIMA edição “Propaganda Subliminar Multimídia” onde abordo quadrinhos também, cuja entrevista minha no Jo Soares esta no YouTube https://www.youtube.com/watch?v=OqBlXAGH__o . Tem mais coisas mas acho que isto tudo e o resto vc viu no Facebook onde contatou-me e no meu website www.calazans.ppg.br e no meu blog , http://calazanista.blogspot.com.br/2014/09/calazans-homenageado-na-exposicao.html neste outro BLOG fala de meu reconhecimento com a pesquisa sobre quadrinhos em nível acadêmico http://angeliretratosdavida.blogspot.com.br/2010/10/flavio-calazans-educador-by-marco.html e aqui o reconhecimento internacional http://www.lambiek.net/artists/c/calazans_flavio.htm
---Como quadrinhista fui eleito em 1886 Diretor executivo da AQC (Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do estado de São Paulo, entidade pré-sindical na qual militei como líder sindicalista) onde publiquei o primeiro livro de direito autoral dos quadrinhos “CARTILHA DE DIREITO AUTORAL DA AQC” publiquei na revista “BRAZILIAN HEAVY METAL”, na “EDITORA ABRIL” revista “Aventura e Ficção” e diversos números da revista “Porrada Spécial” , alguns anos de tiras em jornal do personagem “TATUÍ” , e por VINTE anos editei a revista alternativa de HQ em cooperativa gráfica “BARATA” mas também tenho duas “GRAPHIC NOVELS” ou álbuns publicados as chamadas “GUERRAS CALAZANISTAS “ – em QUINTA edição - http://www.marcadefantasia.com/albuns/repertorio/guerradasideias/guerradasideias.htm
E em SEGUNDA edição http://marcadefantasia.com/albuns/repertorio/guerradosgolfinhos/guerradosgolfinhos.htm
e uma homenagem ‘CALAZANS MONSTROS DOS QUADRINHOS” em Porto Alegre com uma seleção de 54 das 297 (duzentas e noventa e sete) histórias em quadrinhos calazanistas publicadas http://fanzinequadritos.blogspot.com.br/2014/01/dados-corretos-de-monstros-dos-fanzines.html
PERGUNTAS- Fernanda _ Qual seria a importância do trabalho caricatural desenvolvido por Rafael Bordalo no Brasil para as gerações de caricaturistas que surgiriam?
CALAZANS _ Com o risco de cometer injustiças aqui (pois não conheço TODOS os caricaturistas de TODAS as gerações, não sou capacitado para responder com segurança, propriedade e honestamente a esta pergunta na forma na qual foi formulada) generalizando e supersimplificando a primeira resposta que ocorre-me seria ter trazido de Portugal o seu o personagem “Zé Povinho”, que tem a relevância de ter sido um estereotipo do povo de PORTUGAL, que encontrou alguma identificação com alguns setores da sociedade urbana brasileira, entretanto não podemos omitir o carioca anterior e genuinamente criado no Brasil “NHO QUIM” de autoria de Angelo Agostini, italiano que desde os 16 anos morou no Brasil.
Fernanda _Quais as influências deixadas por Rafael Bordalo que marcariam a produção caricatural brasileira?
CALAZANS – Graficamente a influencia maior de Bordalo talvez seria o uso de técnicas oriundas da Xilo e Lito mixadas com o mais frequente BICO-DE-Pena usado desde 1869 por Agostini na revista “Vida Fluminense”, instrumento tal que era de influencia francesa predominante na época, somando-se a tal domínio técnico sua visão tridimensional de profundidade também registrada em suas cerâmicas, mas não sei se sua pergunta direciona-se a técnica e materiais expressivos, pois se for de tipos ou estereótipos ou conteudismo a resposta seria o “Zé-POVINHO” como personagem ou tipo ou estereótipo marcante .
Fernanda _ Por quê a obra caricatural de Rafael é tão marcante em nosso meio, apesar de curta temporada de 4 anos (1875_1879) no país? Abordagens de cunho regionalista seriam a razão de sucesso? - Talvez também uma das razões (eu nunca debrucei-me especificamente sobre a obra de Bordalo como objeto de investigação metodológica acadêmica, por isso tudo aqui dito é especulativo e opinião subjetiva e pessoal sob o risco EXTREMO de cometer REDUCIONISMO SUPERSIMPLIFICAÇÂO e outros erros científicos, vc me entrevista como desenhista e é neste âmbito de competências restrito que respondo, sem ABNT nem Lógica Maior ou comprometimento Epistemológico )
seria o conhecimento gráfico de Bordalo e os indícios de frequentar os bastidores da linotipia familiarizado com Xilogravura e sua experiência em Litogravuras, formação em belas artes e Arquitetura, experiência em o que hoje chamam DESIGN com rótulos de perfumes se bem me recordo. Recorde a efervescência deste RECORTE HISTÓRICO e a presença contemporânea do já citado italiano Angelo Agostini que, antes de Bordalo trazer de Portugal o seu “Zé Povo”, criou um tipo brasileiro, publicado em 30 de janeiro de 1869 - o personagem “NHO QUIM” um personagem genuinamente brasileiro e não “importado” como o Zé Povinho. Olhe na Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/As_Aventuras_de_Nh%C3%B4_Quim_ou_Impress%C3%B5es_de_Uma_Viagem_%C3%A0_Corte . Sendo que, dada a sua importância, nesta data de publicação do NHO QUIM é comemorado “DIA DO QUADRINHO BRASILEIRO’” ou seja, todo dia 30 de Janeiro- data de entrega pela AQC do Troféu “ANGELO AGOSTINI” aos expoentes da caricatura, charge e quadrinho votados pela classe.
Fernanda _ Quais foram os caricaturistas brasileiros do século XX e até XXI que empregaram em suas obras traços nitidamente bordalinos?
CALAZANS_ Responder esta pergunta assim, de chofre, seria excluir muita gente, o tema “de per si” é um bom objeto para uma TESE ou DISSERTAÇÃO acadêmicas de cunho historiográfico, e seria descortesia profissional caso eu omitisse algum colega mesmo falecido, desculpe estar impossibilitado de responder extensivamente a este quesito pois não conheço TODOS os caricaturistas de TODAS as cidades e TODOS os jornais de TODO Brasil dos Séculos XX e XXI .. .Nos seus termos “NITIDAMENTE” indicaria um a influência direta e explicíta, visível, o que não consigo identificar em ninguém dos que eu conheço, entretanto como é natural dada sua importância certamente muitos fomos influenciados indiretamente por ele e outros, eu mesmo incluo-me lato sensu entre tais.
Fernanda _ Além do Zé Povo, existem outros personagens criados por caricaturistas do século XX que também poderiam ser considerados como resultados de influências da obra de Bordalo?
Calazans_ Influência DIRETA seria igualmente temerário afirmar, como eu disse antes, todos nós somos influenciados por muitos artistas, eu mesmo tenho influencias de BORDALO como tenho também de BELMONTE, J. CARLOS, HENFIL, LAERTE, etc ...meu personagem “ZÈ DA SILVA”, publicado pela Editora Abril, é um TIPO - CLICHÊ - ESTEREOTIPO como o é NHO QUIM, ZÉ POVINHO, JUCAPATO, MACUNAÍMA, JECA TATU, CHICO BENTO, XAXADO de CEDRAZ etc..
Fernanda _ Poderia se afirmar que Rafael Bordalo se diferenciou de todos os caricaturistas estrangeiros que por aqui passaram antes dele e dos caricaturistas que aqui surgiram após seu retorno à Portugal, por fixar na cultura brasileira por meio da caricatura uma adaptação do personagem Zé Povinho (um personagem que seria a representação do cidadão comum)? Zé Povinho que nasceu em solo lusitano, esteve presente nas publicações brasileiras de Rafael e posteriormente utilizados por muitos caricaturistas brasileiros na figura do Zé Povo.
CALAZANS- Desculpe, não entendi o que exatamente significa a redação da pergunta. Poderia reformular ? Como já disse, como “representação do cidadão comum” o Nho Quim é anterior, era isto sua pergunta?
Fernandinha_ Assim com existe o John Bull para o ingleses, Tio Sam para os norte-americanos, Zé Povinho para o portugueses, no Brasil o Zé Povinho ou Zé Povo pode ser considerado o grande ícone brasileiro?
CALAZANS_ Não, para começar, na minha opinião o estereótipo urbano “ZÉ POVO” é PORTUGUES e não brasileiro , não sei se seria um clichê, estereótipo ou arquétipo de tal monta, temos muitos tipos nesta categoria ; restringindo a minha análise meramente à iconografia-caricatura e ignorando as fontes literárias como “MACUNAÍMA” e “JECA TAU” , ter-se-ia, entre muitos, a título de mero exemplo, o “AMIGO da ONÇA”, o “JUCA PATO”, “UBALDO PARANÒICO”, “REBORDOSA”, “GERALDÃO” etc..etc..
Mais uma vez muita imensa gratidão pela atenção. Fica sendo uma entrevista por e-mail praticamente...
Antes que eu me esqueça, por gentileza, qual é a formação e área de atuação do senhor? - ver acima a primeira resposta, obrigado e pode contar comigo para uma entrevista maior no futuro. Fico no aguardo, Com meus melhores cumprimentos, Fernanda

Comentários

  1. Pode contar comigo e com todos os meus contatos.

    Tenho por metodologia preservar-me publicando toda e qualquer entrevista que forneço, no proprio Blog voce pode conferir uma entrevista com um senhor "Tony Fernan_de_fezes" que MUDOU as perguntas descontextualizando minhas respostas, publicada isto torna-se transparente e democratico socializando o conhecimento.

    Como não falamos de seu tema de Doutorado inédito pois o tema NÂO existe ainda, não houve quebra de sigilo nenhuma a ser alegada por nenhum pré ou co--co orientador.

    Orientei mais de mil monografias, sou aposentado, e Livre-Docente significa PÓS-DOUTOR, sei do que estou falando no âmbito acadêmico.

    Devido a sua preocupação, mesmo infundada, retirei seu sobrenome para tranquilizar sua ansiedade.

    Desejo sucesso em sua pesquisa e os nomes e datas citados podem servir de parâmetros para sua investigação bem como ser diretrizes para elaborar sua hipótese no caso da metodologia ser hipotético-dedutiva ou Modus Tolens.

    Obrigado e conte comigo sempre.

    Calazans

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  2. Fernanda, perdoe ter esquecido outrossim ainda há tempo de acrescentar que na fuga de Napoleão Don João VI de Portugal escafedeu-se para o Brasil, e "NHO QUIM" trata de um zé-povinho ANTERIOR ao de Bordalo visitando a corte, antes de Bordalo havia escritores e jornalistas no Brasil meus ancestrais, Bachareis em Direito como eu, eram enviados pelos pais a cursar leis em Coimbra, cá nas colônias havia sim algumas pessoas que sabiam ler e escrever até mesmo antes da chegada de Bordalo.

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