Fada Oona - a mais fada das fadas !

Mas foi só no filme de Ridley Scott “A Lenda” (1985), estrelado por Tom Cruise, que vi fadas como eu imaginava. Não aquelas tolinhas fúteis esvoaçantes infantilizadas como a “Fada Sininho” (Tinker Bell) do Peter Pan, mas insinuantes, insidiosas, dissimuladas e caprichosas como a apaixonada e ciumenta “Oona” (personagem da atriz Annabelle Lanyon).

É dela essa fala ao menino humano Tom Cruise no calabouço:

Eu farei tudo o que me pedir se me der um beijo.

Não sente o quanto sou doce?

Doce como a brisa que me sopra até você.

Eu estou quente e viva, quero ficar em teus braços.

Quem liga para corações humanos?

Moles e sem sabor como mingau.

O coração de uma fada bate com força e livremente!
”.

Oona falava exatamente no mesmo tom passional e enérgico, furioso e inflamado das fadas que visitam os meus sonhos,
e senti veracidade e verossimilhança nela,
foi a primeira vez no cinema que uma fada me emocionou e fez me sentir que meus sonhos mereciam ser desenhados, contradizendo as falsas fadas da “Indústria Cultural” da “Escola de Frankfurt”, num mundo de gibis, desenhos animados e filmes que retratam fadas como infantilizadas e assexuadas, privadas de sua dimensão mística de forças amorais da natureza.

Merlin (Mirzzin, o pássaro preto ou Melro) sempre foi meu herói, do mesmo modo que eu me identificava com a inteligência de Ulisses na Guerra de Tróia, este Merlin, aluno do druida bardo Taliesin, bem retratado no filme "Excalibur" de John Boorman (1981), um filme muito imitado no qual foi popularizado o encantamento celta “anál nathach orth' bhais' s bethad do chél dénmha” ("Bafo da serpente, encanto da morte e da vida, tua profecia é feita").

Não tenha medo, mas dizem as lendas originais da Normandia francesa que Merlin era filho de uma mulher humana com um duende da floresta, daí seus poderes tal como a canção de Merlin considerada uma profecia pelos franceses, da “Virgem de Orleans” que surgiria para salvar a Gália na sua pior guerra (Guerra dos 100 Anos, contra a Inglaterra) – Sim, quando os franceses venceram e colonizaram a ilha Bretanha (veja os primeiros Brasões Heráldicos dos reis da Bretanha com dísticos escritos em Francês ao invés do latim) exportaram paa os ilhotes bretões a lenda do rei gaulês Arthur e seus “doze cavaleiros da távola redonda” orientados por seu mentor druida bardo Merlin, e os bretões das charnecas passaram a repetir uma mentira do rei Arthur ser deles!

Até Carlos Magno fez uso da lenda francesa ao montar seus “doze pares de França” emulando a memória (volksgeist francês) de Arthur, E a lendária espada Excalibur, adaptando o mito foi chamada de Durandal, empunhada por Rolando, leia a história da morte heroica do cavaleiro cristão Rolando na batalha contra muçulmanos e sua corneta de chifre.

Merlin sempre foi meu personagem preferido, tanto que nos anos 90 tive a sorte de ter publicado e vendido em bancas de jornal meu livro “A Namorada do Mago Merlin” no qual até traduzi do francês algumas canções populares folclóricas da idade média atribuídas ao bardo druida Merlin, pois até mesmo o mago Merlin viveu sempre às voltas com a Fada Morgana ou com as Fadas Ninue e Viviane.

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