HERMENÊUTICA CALAZANISTA
HERMENÊUTICA
Hans George Gadamer e seus discípulos reformularam a Hermenêutica nos anos 80, chegando a empregá-la para a leitura interpretativa das obras de arte.
O conceito hermenêutico de interpretação tem duas conotações:
1) inter-pres = desentranhar, tirar o sentido oculto dentro, como os augures adivinhavam o futuro através das tripas de animais e projeções do texto inconsciente (Rorschach);
2) inter-pretare = traduzir, intermediar, mover de um código para outro.
Toda comunicação emprega sinais e regras de combinação, o que compõe o código, e cada código tem níveis de complexidade (veja a norma culta erudita de um latim clássico e o latim vulgar, que gera as gírias e dialetos que depois darão origem aos idiomas neo-latinos como o Português).
Para a Hermenêutica, todo ato de leitura (comunicação no nível do receptor) é um ato interpretativo, no qual o receptor traduz a mensagem para seu nível de compreensão, sua capacidade interpretativa, coerente com os valores ideológicos do seu ciberespaço.
A compreensão da mensagem seria o ato de abrir-se para o outro que emite, um ato de comunhão/comunicação autêntico e sincero (como ocorre nas obras de arte, razão de serem objeto hermenêutico).
O interpretar é a fusão, encontro de pontos de vista, dos horizontes hermenêuticos do artista e de seu público, ambos com elementos de código em comum.
Cada mensagem apresenta diversos níveis de intencionalidade, de significado, e alguns destes são produzidos inconscientemente pelo emissor. Mas, mesmo assim, ou por isto mesmo, são reveladores de seu eu profundo, suas intenções mais íntimas.
Estes níveis são as camadas de sentido que a Hermenêutica escava até chegar à compreensão mais profunda.
O método hermenêutico é o questionamento do texto e de seu contexto, do espaço virtual (ciberespaço) no qual foi produzido, do ambiente comunicacional e da biografia do autor-emissor.Seu passado está incrustado na semântica, nas redes de significado sobrepostas.
Novamente, a Hermenêutica é indicial na leitura interpretativa da obra, tal qual a Semiótica, o anarquismo de um Beck transparece no subtexto de sua escolha de Mary Shelley, anarquista, para a montagem teatral ("Frankenstein", do Living Theatre).
Questionando a obra, e questionando as respostas obtidas, vai-se aprofundando em níveis mais e mais profundos, em um diálogo com o texto (no caso teatral, um complexo texto intersemiótico-intermidiático).
A pluralidade de camadas de sentido excede os limiares do discurso e desmascara motivações inconscientes, anulando os efeitos subliminares.
Na hermenêutica de um quadro o procedimento, tal qual na Semiótica, é levantar dados do espaço-tempo, país e época em que foi feito (contexto), e biografia do autor. Só então interroga-se sobre suas cores, composição e cada signo presente, questionando as respostas, abrindo-se para a obra ao máximo, aceitando-a.
Isto é a freqüência, o "freqüentar arte", examinar a obra diversas e diversas vezes, cada vez demorando-se mais no usufruir, passeando lenta e vagarosamente o olhar (varredura), até ter assimilado, decorado, integrado cada mínimo detalhe.
O contrário do que exige a pedagogia dos meios de comunicação de massa, que massificam o olhar, educando-o para a velocidade subliminar do comercial de tv de 30 segundos.
A Hermenêutica e a Semiótica desmassificam, conscientizam e despertam o público, desmascaram os sentidos ocultos do texto.
O nível pragmático cria sentidos, e isto obriga o hermenêuta escafandrista das camadas de profundidade a navegar o surf das superfícies, encontrando, pescando os novos significados transitórios.
Desta forma, a Hermenêutica completa a Semiótica, aprofundando áreas de significado e admitindo as camadas plurais de significação.
E a denominação texto para as mensagens não-verbais vem ampliar conceitos, desde que não se caia no erro da "Semiologia", em tentar aplicar categorias digitais ao "texto" icônico intermidiático contemporâneo, pois uma montagem teatral hoje está muito além do restrito limite de oração principal e subordinadas.
Esta simultaneidade narrativa (e até de-construção narrativa) irrita os teóricos europeus de linha francesa, que se desesperam ante um videoclipe, uma história em quadrinhos de Druillet, por não conseguirem enquadrá-los em suas limitadas categorias de classificação verbal/digital/fonética/fenícia.
E o desespero leva ao pessimismo esses intelectuais verbais. Por estarem restritos ao código digital, enxergando-o como único modelo possível de comunicação, os avanços tecnológicos parecem-lhes sem sentido, vazios, aterrorizantes.
Umberto Eco chega a escrever um livro sobre este fenômeno: "Apocalípticos e Integrados", no qual denuncia a postura pessimista e destrutiva dos apocalípticos, que vêem na comunicação tecnológica e seus avanços o fim do mundo.
E não deixam de ter razão, pois o mundo verbal-digital dos campos de concentração morre aos poucos frente a abertura tecnológica, o cérebro esquerdo sente-se ameaçado pelas formas de expressão do cérebro direito.
A Hermenêutica é um esforço cerebral de interpretação que também busca comunicar seus resultados reduzindo Lacanianamente os códigos à explicação verbal.
Hans George Gadamer e seus discípulos reformularam a Hermenêutica nos anos 80, chegando a empregá-la para a leitura interpretativa das obras de arte.
O conceito hermenêutico de interpretação tem duas conotações:
1) inter-pres = desentranhar, tirar o sentido oculto dentro, como os augures adivinhavam o futuro através das tripas de animais e projeções do texto inconsciente (Rorschach);
2) inter-pretare = traduzir, intermediar, mover de um código para outro.
Toda comunicação emprega sinais e regras de combinação, o que compõe o código, e cada código tem níveis de complexidade (veja a norma culta erudita de um latim clássico e o latim vulgar, que gera as gírias e dialetos que depois darão origem aos idiomas neo-latinos como o Português).
Para a Hermenêutica, todo ato de leitura (comunicação no nível do receptor) é um ato interpretativo, no qual o receptor traduz a mensagem para seu nível de compreensão, sua capacidade interpretativa, coerente com os valores ideológicos do seu ciberespaço.
A compreensão da mensagem seria o ato de abrir-se para o outro que emite, um ato de comunhão/comunicação autêntico e sincero (como ocorre nas obras de arte, razão de serem objeto hermenêutico).
O interpretar é a fusão, encontro de pontos de vista, dos horizontes hermenêuticos do artista e de seu público, ambos com elementos de código em comum.
Cada mensagem apresenta diversos níveis de intencionalidade, de significado, e alguns destes são produzidos inconscientemente pelo emissor. Mas, mesmo assim, ou por isto mesmo, são reveladores de seu eu profundo, suas intenções mais íntimas.
Estes níveis são as camadas de sentido que a Hermenêutica escava até chegar à compreensão mais profunda.
O método hermenêutico é o questionamento do texto e de seu contexto, do espaço virtual (ciberespaço) no qual foi produzido, do ambiente comunicacional e da biografia do autor-emissor.Seu passado está incrustado na semântica, nas redes de significado sobrepostas.
Novamente, a Hermenêutica é indicial na leitura interpretativa da obra, tal qual a Semiótica, o anarquismo de um Beck transparece no subtexto de sua escolha de Mary Shelley, anarquista, para a montagem teatral ("Frankenstein", do Living Theatre).
Questionando a obra, e questionando as respostas obtidas, vai-se aprofundando em níveis mais e mais profundos, em um diálogo com o texto (no caso teatral, um complexo texto intersemiótico-intermidiático).
A pluralidade de camadas de sentido excede os limiares do discurso e desmascara motivações inconscientes, anulando os efeitos subliminares.
Na hermenêutica de um quadro o procedimento, tal qual na Semiótica, é levantar dados do espaço-tempo, país e época em que foi feito (contexto), e biografia do autor. Só então interroga-se sobre suas cores, composição e cada signo presente, questionando as respostas, abrindo-se para a obra ao máximo, aceitando-a.
Isto é a freqüência, o "freqüentar arte", examinar a obra diversas e diversas vezes, cada vez demorando-se mais no usufruir, passeando lenta e vagarosamente o olhar (varredura), até ter assimilado, decorado, integrado cada mínimo detalhe.
O contrário do que exige a pedagogia dos meios de comunicação de massa, que massificam o olhar, educando-o para a velocidade subliminar do comercial de tv de 30 segundos.
A Hermenêutica e a Semiótica desmassificam, conscientizam e despertam o público, desmascaram os sentidos ocultos do texto.
O nível pragmático cria sentidos, e isto obriga o hermenêuta escafandrista das camadas de profundidade a navegar o surf das superfícies, encontrando, pescando os novos significados transitórios.
Desta forma, a Hermenêutica completa a Semiótica, aprofundando áreas de significado e admitindo as camadas plurais de significação.
E a denominação texto para as mensagens não-verbais vem ampliar conceitos, desde que não se caia no erro da "Semiologia", em tentar aplicar categorias digitais ao "texto" icônico intermidiático contemporâneo, pois uma montagem teatral hoje está muito além do restrito limite de oração principal e subordinadas.
Esta simultaneidade narrativa (e até de-construção narrativa) irrita os teóricos europeus de linha francesa, que se desesperam ante um videoclipe, uma história em quadrinhos de Druillet, por não conseguirem enquadrá-los em suas limitadas categorias de classificação verbal/digital/fonética/fenícia.
E o desespero leva ao pessimismo esses intelectuais verbais. Por estarem restritos ao código digital, enxergando-o como único modelo possível de comunicação, os avanços tecnológicos parecem-lhes sem sentido, vazios, aterrorizantes.
Umberto Eco chega a escrever um livro sobre este fenômeno: "Apocalípticos e Integrados", no qual denuncia a postura pessimista e destrutiva dos apocalípticos, que vêem na comunicação tecnológica e seus avanços o fim do mundo.
E não deixam de ter razão, pois o mundo verbal-digital dos campos de concentração morre aos poucos frente a abertura tecnológica, o cérebro esquerdo sente-se ameaçado pelas formas de expressão do cérebro direito.
A Hermenêutica é um esforço cerebral de interpretação que também busca comunicar seus resultados reduzindo Lacanianamente os códigos à explicação verbal.
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