O ERRO DO NÂO

"Eu receio que Bolsonaro será eleito só por causa do "ele não". #EleNão é uma péssima idéia, é um negócio pé frio, agourento.

Pra início de conversa, é uma redição do "NeLLe não" (com os dois L verde e amarelo - lembra?), que era o slogan contra o Collor - que foi elleito.

Também remete a campanha similar contra o Trump - que foi eleito.

Gritaram "não vai ter copa" - teve copa.

Gritaram "não vai ter golpe" - teve golpe.

E por aí vai, passando pelo #ForaTemer e pelo#LulaLivre. See a pattern here?

Mas essa é uma tradição da esquerda antiga, que remonta ao brado "¡No pasarán!" (passaram - inclusive o "¡pasaremos!" tornou-se um slogan, um "meme" franquista e falangista, geralmente acompanhado da imagem de uma bota esmagando anarquistas e socialistas).

É curioso como que um brado perdedor, um brado fracassado seja grito de guerra da esquerda até hoje, principalmente na esquerda progressista não leninista. Existe ainda um problema de ethos.

A esquerda notoriamente tem uma auto-estima altíssima (de "donos da verdade") porém tímida, que se afirma pedindo licença até quando está "lacrando".

Ela é a um só tempo pretensiosa e insegura - melindrosa. Basta comparar seus slogans com, por exemplo, o lema nazista "O futuro nos pertence!" que irradia uma convicção solar.

Note-se que quando ensaiam um "pode ir se haddaptando", a língua quase escorrega pra falar "melhor JAIR se haddaptando" - opa!

A exceção é o lema guevarista "Hasta la victoria siempre" - mas Guevara, com seu foquismo, parte de um ethos outro, meio romântico, meio aventureiro - pra não dizer outra coisa. Inclusive o lema completo seria "Hasta la victoria siempre. Patria o muerte". É outro universo imagético.

No geral, a esquerda sul-americana pós-nacionalista e pós-marxista (e, no Brasil, pós-varguista) perdeu qualquer lição soreliana referente a construção de mitos e mesmo à magia do discurso e da palavra.

Nos EUA já se fala (mais ou menos) a sério de "meme magick" - no tocante a "Kek", aos "memes" e à eleição de Trump.

Existem outras razões por que "Ele não" é uma fórmula fraca, até em termos daquilo que os profanos poderiam chamar de "magia do caos" ou bagatela semelhante. Mas não cai bem a um cientista social em formação fazer esse tipo de especulação mística, então me calo.

Mas já virou uma espécie de senso comum a intuição de que o "Mito" se alimenta mesmo de uma egrégora negativa - cada "lacração" ritual contra *ele*, cada reserva-tabu de proferir Seu nome ("*ele* não") e cada ad hitlerum e demonização hiperbólica dirigida a ele só fazem aumentar sua barrinha de poder (pra usar uma linguagem compreensivel a quem já jogou videogame).

*Ele* se alimenta disso, cresce com isso. O "Mito", por sua vez, já perdeu o controle sobre seus minions. Como no filme A Onda e como um Mickey aprendiz de feiticeiro na animação Fantasia, *ele* se vê cada vez mais constrangido por falanges que ele alimentou, mas que não pode controlar. "Forças ocultas" tão reais quanto as que assombraram Jânio Quadros o cercam. "Ele" nem foi eleito e já tem o Temer dele a ser temido, com ameaças e discursos feitos já tempos atrás, no ambiente sagrado e secreto da Loja - por mais que as denúncias de Daciolo a esse respeito soem como teoria da conspiração. Porque existe a teoria da conspiração que aliena - e existe a teoria da conspiração que sintetiza e é didática.

Assim, um de nossos candidatos liderava a corrida de dentro do cárcere (e agora se encarna em um substituto que com ele explicitamente se consubstancia - "Haddad é Lula", afinal. O Mito tornou-se uma Idéia). O outro candidato, que atualmente lidera, o faz, esfaqueado, de dentro do hospital.

A Idéia encerrada em sua cela na cadeia. O Mito em seu leito hospitalar.

E o Cabo ora por todos nós do alto do Monte.

Lembra que o Gigante acordou? O Gigante acordou e está louco." Uriel Irigaray

Eu concordo, o Uriel fala com propriedade erudita e conhecimrento hermético valadamente sobre a magick de Crowley e o Caos de Spare , do tipo que Churchil queria quando encomendou ao Crowley um gesto para deter a suástica e Crowley criou o V com os dedos que força a suástica a retornar, ela não pode ser detida mas este gesto com letra enoquiana a reverte de direção em marcha ré !

O HORROR

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