LIDER DE DIREITA

"Eu já tinha essa impressão, mas me faltavam evidências. Agora, com o atentado ao Bolsonaro, eu as tenho.

O problema não é o "ódio que ele prega". Até porque pra mim, parece muito mais bravata do que postura. Quem tem ódio, não sai abraçado em foto, nem fica sorrindo ao lado. Dilma e Aécio, por exemplo, não se odeiam, apenas estão em lados diferentes da roubalheira. Por isso saiam sorrindo em fotos e se cumprimentavam. Quem odeia é como a gazela cuspidora, Jean Wyllys. Ele sim, odeia. Muda de lugar no voo pra não sentar do lado. Bolsonaro não odeia gay, nem odeia mulher, nem muito menos negro.

Ele é machista? Claro que é. Como muitos de nós somos e nem percebemos. A diferença é que ele é cria militar, antiquado, conservador ao extremo, e acha que sua opinião é acima de julgamentos de valor. Pode ser tudo, de equivocado a ridículo. Mas ódio, não é. As declarações do passado jamais vão abandoná-lo. Vão persegui-lo feito fantasma, a vida toda. Vão sempre depor contra, e provocar repulsa em algumas ou muitas pessoas. Fato. Mas dizer que ele ODEIA, ou semeia o ódio, é uma mentira conveniente.

O problema meus amigos, não é esse.

O problema é de outra ordem.

A esquerda, por muitos anos, teve o monopólio dos líderes populares, que eram recebidos nos braços do povo. Que paravam os locais por onde iam. Sabem o poder disso. Sabem que isso pode mudar opinião de milhões de pessoas. Até mesmo de orgaos internacionais. A esquerda sempre teve o monopólio do SALVADOR DA PÁTRIA. Era um salvador só: o seu. Enquanto esse símbolo de esperança e luta fosse só da esquerda, pouco importa: o poder da manipulação estava sob seu comando.

Aí a esquerda chegou ao poder. E não esqueceu a lição: o salvador ainda estava ali, mas agora, poderia fazer o que quisesse, sem ninguém para impedir. Cumpriu suas promessas aos peoes, enquanto armava seus próximos movimentos com as torres, cavalos e bispos. O rei estava protegido. Mas o rei teve que sair de cena. E deixou a rainha exposta. Foi quando o jogo virou.

O que parecia ser um governo de inclusão e avanços, se mostrou um governo de desmando, irresponsabilidade fiscal e escancaro da corrupção que antes corria como torneira, e agora era uma represa rompida.

De repente, se ergueu uma voz da direita. Nos mesmos moldes do Salvador da esquerda: jeitão meio rude, fala o que pensa, ou sem pensar, sem formalidade, em voz alta, pra quem quisesse ouvir. Essa voz foi ganhando ouvidos, arrancando sorrisos, ganhando admiradores. E não pedia nada em troca. Nem mesmo tinha grandes ambições. Foi convencida a se lançar para o maior cargo do país. Aí o ego encontrou o momento certo, o apoio necessário, e pronto: nascia o Messias da direita.

E ele vem forte. Ameaçando levar o primeiro turno. Na primeira candidatura, coisa que nenhum dos candidatos conseguiu fazer. E o salvador da pátria da esquerda agora é rei deposto. Perdeu para a propria arrogância, já que nem ele consegue acreditar na mentira que vendia: de ser a alma mais honesta desse país.

Pronto: a esquerda entrou em DEFCON 1, alerta vermelho, literalmente. "Eles tem um messias! Não pode ser! Ele está nos braços do povo! Ele vai roubar o lugar do nosso amado mestre!"

E com alguns avanços na história, entre acusações absurdas de "estupro", e outras bem reais, de funcionaria fantasma, por exemplo, estava traçado o plano da esquerda: derrubar o líder da direita. A facada foi, literalmente, a última ponta do plano.

Ou seja: não é contra o ódio, o racismo, o preconceito de um candidato. A esquerda nem sequer o levava a sério.

Todo mundo sabe que não tem como "fuzilar" os adversarios num mundo real. É a bravata da mesa de bar no fim de semana. Liberaram as armas, e um monte de desinformado acha que vai poder comprar fuzil nas casas Bahia em 24x, e sair dando tiro certeiro em bandido, sem responder legalmente por isso. Bravata. Papo de churrascão. O presidente messias vai pastar pra governar com um congresso que vai fazer de tudo pra impedir que ele governe em paz, porque é um cara ruim de jogo.

O problema da esquerda é a Inveja. Perderam o monopolio de criar salvadores da pátria. E claro, isso é um baita obstáculo para colocar alguém no poder. Nem o candidato mais bem preparado de todos os tempos (segundo ele mesmo, inclusive, e que tem um temperamento parecidissimo com o do capitão, exceto que DETESTA O POVO - quem nele vota, é tratado como gado de sua fazenda, com respeito mas à distância, e quem o confronta ele enxota como cachorro sarnento), tem fôlego ou carisma para ser páreo. A esquerda não está sabendo lidar com isso.

E foi isso que levou aquela faca até o estômago de Bolsonaro. A inveja. O medo de estar do lado errado da História - ja que a história é contada pelos vencedores. Se fosse um Temer que vencesse a eleição, alguém que quase não parece humano, de tão pouco carisma que tem, a esquerda perderia com um pouco mais de graça (mas não muita, já que a esquerda não aceita perder, e só entende como democratico aquilo que a favorece). Mas a esquerda está sendo derrotada por alguém que, quer queiram quer nao, está nos braços do povo. E isso é perder muito mais que a eleição: é perder a fórmula mágica.



(O autor é eleitor de João Amoedo e esse texto não é pro-bolsonaro, é uma crônica geral.)

Marcelo Froelich Bozzani

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