Um socialista - explica GEORGE ORWELL

"Às vezes olho para um socialista — aquele tipo intelectual que escreve panfletos, com seu pulôver, cabelo desalinhado e suas citações de Marx — e fico me perguntando que raio de motivo ele realmente tem.

É difícil acreditar que seja o amor por qualquer um, menos ainda pela classe operária, da qual ele está mais distanciado do que qualquer pessoa. (…)

A verdade é que para muita gente que se define como socialista, a revolução não significa um movimento de massas ao qual eles esperam se associar; significa um conjunto de reformas que “nós”, os inteligentes, vamos impor a “eles”, as ordens inferiores.

Por outro lado, seria um erro considerar o socialista treinado nos livros uma criatura sem sangue, totalmente incapaz de emoções.

Embora quase nunca dê provas de afeto pelos explorados, é perfeitamente capaz de demonstrar ódio — uma espécie de ódio estranho, teórico, que existe no vácuo — contra os exploradores.

Vem daí o velho e grandioso esporte socialista de acusar a burguesia.

É estranho ver com que facilidade quase todo escritor socialista consegue entrar num frenesi de raiva contra essa classe à qual, seja por nascimento, seja por adoção, ele próprio invariavelmente pertence."

George Orwell

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