PAULO COELHO:O Mago Multimídia - Um Mago do Marketing

A pedidos, posto este texto muito antigo, resenha de um mestrado acadêmico.

PAULO COELHO:O Mago Multimídia - Um Mago do Marketing

Em 2000, Sérgio Bars defendeu uma dissertação de mestrado na área de Comunicação e Mercado na Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, cujo título era "Paulo Coelho: Mito e Mercado"; e das informações recolhidas por Bars cabe resumir aqui alguns tópicos.

Bars inicia citando a medalha de Cavaleiro da Legião de Honra da França recebida por Paulo Coelho das mãos do presidente da França Jacques Chirac, para daí retroceder a 24 de agosto de 1947, quando nasce o "Mago Pós-Moderno", mesmo dia do aniversário do argentino Jorge Luiz Borges, que Coelho alega ser seu Guru Literário.

Paulo Coelho esteve internado no Hospital Psiquiátrico do Rio de Janeiro -Casa de Saúde Doutor Elias, e passou três anos no segundo grau, não conseguindo terminar os estudos sem que a família pagasse para formar-se (p.18 da dissertação); e esteve em hospícios por três vezes.

Aos 23 anos tentou por três vezes experiências homosexuais, desistindo de assumir um hosexualismo (p. 20) e só nos USA abandonou o vício pela cocaína (p.22), e ao voltar ao Brasil compõe 65 letras de músicas de RAUL SEIXAS, e em 1978 já era proprietário de imóveis alugados, cinco apartamentos (p.26) quando alega ter sido sequestrado e torturado por um grupo paramilitar da ditadura brasileira.

Todas as expriências misticas de Paulo Coelho sempre são a sós, sem testemunhas (p.48) e seus leitores "querem se tornar magos simplesmente com a leitura de seus livros.Formam uma corte de magos de poltrona e cabeceira da cama"(p.49).

Em 1998 Coelho dá palestra a economistas e políticos no "World Economic Forum" em Davos, junto e igualado a outros escritores como Elie Wiesel, Prêmio NOBEL de Literatura; (p.52) onde falou contra a "Globalização de Deus" e pregou para todos os humanos serem "guerreiros da Luz"na busca de sua "Lenda Pessoal".

Paulo Coelho prega contra Marx, Freud, e contra o Cartesianismo, a Ciência e o "Saber Acadêmico" das Universidades como "opressoras do pensamento" (p.54).

E afirma que todas as suas economias, os milhões em Direitos Autorais estão depositados em Caderneta de Poupança, e não em aplicações financeiras, demagógicamente, o que faz o leitor comum sentir-se identificado com ele (p.56).

Suas colunas em jornais são meras reproduções de lendas e contos de diversas culturas (p.58) e oculta sua biblioteca, nunca revelando os livros que servem de fontes a suas colunas de jornais, e para escrever "Monte Cinco" recebeu "UM MILHÃO DE REAIS" (ao câmbio de um-por-um com o Dólar) da editora Objetiva, sem contar os direitos autorais posteriores.

Segundo a ISTO É GENTE de fevereiro de 2000, a obra de Paulo Coelho encontra-se publicada em 120 países, 44 idiomas, com mais de 26 milhões de exemplares vendidos, sendo um BEST SELLER internacional seu nome, a marca PAULO COELHO, em dez anos de carreira de escritor mais representativo da literatura brasileira no exterior do que JORGE AMADO com sessenta anos de carreira e 37 títulos publicados. Segundo rosana Hornor, na revista ISTOÉ GENTE n.28, "O Alquimista" é o produto literário brasileiro mais aceito no mundo hoje (p.82).

Administrando sua carreira como "MAGO DA MÍDIA" com a experiência de chefe de imprensa da gravadora POLYGRAN e de produtor dos shows de Rauls Seixas, sempre posa ao lado de personalidades da mídia internacional, como o encontro com o PAPA em 1998, intermediado pela editora italiana de Paulo Coelho "Editora Bompiani", além de Simon Peres, na época Primeiro Ministro de Israel (graças à sua editora "Peter Hause" de Israel, que o edita desde 1995, com edições em hebraico, uma em cada doze casas de Israel tem "O Alquimista" ), e o Preesidente da França Jacques Chirac ( em 1996 Paulo recebeu a medalha de Cavaleiro das Artes e Letras, criada pelo imperador Napoleão Bonaparte em 1802), na França a cada lançamento de novo livro seu rosto é pintado nas laterais de ônibus de Paris e outras 14 cidades, um material promocional de grande impacto.

Anne Carriére, da editora do mesmo nome, ao lançar "O Alquimista" na França em 1994 chamou a atenção dos livreiros com uma edição especial de 800 cópias em capa dura dois meses antes do lançamento, acompanhado de uma carta dela na quarta capa explicando quem era o autor brasileiro, seguida de uma festa para Paulo Coelho em um exótico restaurante brasileiro, com jornalistas e os representantes do embaixador do Brasil , rendendo três meses de comentários e matérias na imprensa e um vertiginoso gráfico de vendas pontuado por conferências de Coelho, entrevistas e autógrafos em diversas cidades e eventos literários, seguida da edição com ilustrações de Moebius, famoso desenhista "CULT" de quadrinhos.

Em 1998, na Itália ao ser lançado "Monte Cinco" foi fechada uma rua em cada uma das cinco cidades grandes (Roma, Nápoles, Milão, Bolonha e Orvieto) e batizada de "Via Paulo Coelho" com vitrines e balões de gás, cartazes, em uma loja de roupas o manequim trazia o livro no bolso do sobretudo, até um javalí morto em um açougue na vitrina lia o livro, tudo com muito ampla cobertura de mídia (p.93). O Presidente dos USA, Bill Clinton, convida Paulo Coelho pra um coquetel junto com chefes de estado como o palestino Yasser Arafat, e Clinton explicou que sua filha, Chelsea deu-lhe o livro Alquimista e ele o deu à esposa Hillary, uma oportunidade bem aproveitada de Marketing Pessoal.

No Irã Paulo Coelho ignora os museus e vai ao Gran Bazar, um dos mais antigos Shopping Centers do mundo, em um reverente culto ao mercado (p.77) ; e foi o primeiro escritor não-muçulmano a entrar oficialmente no país; lá vendeu quatro milhões de exemplares entre setenta milhões de habitantes, proporcionalmente, vende mais que no Brasil, o mesmo acontece em Israel.

Mas no Irã o livro "O Alquimista" vem com 100 páginas a mais, pois o Irã não assina a Convenção de Berna e não existem Direitos Autorais, quem recebe é o tradutor..e em livros como "Verônica decide morrer" foram omitidos o tema central do suicídio e a cena de masturbação, e em "O Alquimista" a personagem feminina tem o nome Fátima, o mesmo da filha do Profeta Maomé.

Paulo coelho vende aos cultos franceses, aos consumistas norte-americanos, aos judeus e muçulmanos, graças à mensagem simplificadora e reducionista de uma força mística à disposição do leitor, como um tipo de auto-ajuda narcisista (p.79).

Por fim, na página 158 Bars antecipa a pretensão à imortalidade de Paulo Coelho na Academia Brasileira de Letras e até a pretensão a um eventual Prêmio Nobel de Literatura, destaca que a antiga editora de Paulo Coelho, a Rocco, em 2000 lança a série de sucesso de J.K. Roowling "Harry Potter", e conclui falando de NINO do Castelo Ra-Tim-Bum lançado pela Companhia das Letras e vendendo 250 mil exemplares "Uma diferença clara entre o sucesso da forma e a timidez do conteúdo".

A dissertação de mestrado de Bars deixa evidente o fenômeno da Indústia Cultural e do Marketing da Sociedade de Consumo-Sociedade de Massas no qual a pressão do modismo e a influência da mídia ditam o sucesso comercial, reduzindo a cultura a administração eficiente dos meios de comunicação criando assunto ou espetáculo transitório e fantasioso, infantil, irracional.

Flávio Calazans. 7/1/02

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