Mãe DuchampA traz mecenas e amarra crítico de arte

Não resisti a reproduzir esta brincadeira Dadaísta brasileira super criativa - http://bravonline.abril.com.br/materia/axe-ilaia#image=179-av-duchampa-1
"Os primeiros rastros de Mãe Duchampa – que costuma se definir como “macumbeira das artes” ou “a maior” – despontaram em setembro de 2011 na Zona Oeste carioca. Cartazes parecidos com os lambe-lambes que propagandeiam shows musicais e espetáculos de circo disseminaram inusitadas promessas pela Barra da Tijuca. “Trago curador em três dias. Faço amarração de crítico e galerista. Não cobro nada”, alardeavam os anúncios, que logo se espalharam por muros e postes de outros bairros, tanto da Zona Sul quanto do centro: Gávea, Jardim Botânico, Glória e Lapa. Em vez de números telefônicos, os pôsteres divulgavam o endereço de um portal, maeduchampa.com.br. Quem acessá-lo encontrará, ainda hoje, um “santuário” bem simplório, que ostenta o rosto da sacerdotisa. O retrato, na verdade, não passa de uma releitura da lendária fotografia que o norte-americano Man Ray tirou em 1921 do francês Marcel Duchamp, talvez o artista mais influente do século passado", "“Sou diplomada em terapia floral, radiestesia, cura xamânica, feng shui, spiritual human yoga, numerologia, heiki, clarividência, astrologia, leitura energética do nome e quiromancia. (...) Resolvo os seus problema tudo. Afasto os nevoeiros circuladô do corpo etéreco e rompo as ervas daninha que danifica a criatividade do intelecto. (...) Há pouco tempo, fiz um trabaio na encruza para um cliente que almejava ocupar o segundo andar da Bienal de Sampa. Com muita entrega, consegui materializar do astral o espaço que ele queria. (...) Axé ilaiá! Fuuuui!” “Que ninguém se engane: Mãe Duchampa tem mais consistência do que aparenta. Não é apenas uma piada”, avalia Denise Cathilina, que leciona na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. A professora – uma das raríssimas pessoas que conheciam a real identidade da macumbeira – associa a criação de Nathalia e Marina às experimentações do multiartista alemão Joseph Beuys (1921-1986). “Quando espalham pelas ruas e pela internet uma série de anúncios que imitam os das cartomantes, jogadoras de búzios e ciganas, as jovens estão interferindo artisticamente num circuito não artístico. Trata-se de algo bem similar às ações de Beyus, que ambas estudaram bastante.” Numa noite de lua cheia, enquanto batiam papo sobre a pedra do Arpoador, inventaram a mãe de santo. Imediatamente, arregaçaram as mangas e confeccionaram tudo: o site, o vídeo e o cartaz, impresso em 500 cópias. Combinaram, ainda, que a sacerdotisa empregaria somente letras maiúsculas ao se expressar no computador. “A coitada ignora a etiqueta digital e nem desconfia que escrever em Caps Lock é sinônimo de berrar”. As garotas firmaram igualmente o compromisso de agir às escondidas, pelo menos num primeiro momento. “Com a ação, pretendemos criticar sobretudo o excesso de ego que infesta a arte contemporânea. Neguinho mal começa e já reivindica fama, prestígio e dinheiro. Tal ambição soa descabida para nós. Por isso, concordamos em nos manter incógnitas.” Antes de se revelar, queriam que a macumbeira despertasse interesse por si só. “O que importa são as ideias, não os autores”, proclamam. O tom levemente panfletário das afirmações e a irreverência do trabalho remetem também levemente às Guerrilla Girls, um coletivo feminista que Nathalia e Marina admiram. O grupo de Nova York surgiu em 1985 para protestar contra o machismo no meio artístico. Suas integrantes, tão belicosas quanto engraçadas, jamais abdicam do anonimato e escondem as faces sob máscaras de gorilas.

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